
Era pra ser mais uma manhã comum. O sol já castigava o asfalto quando ela — vamos chamá-la de Ana, porque nomes importam — esperava o ônibus na Avenida Cosme Ferreira, Zona Leste de Manaus. O relógio marcava 6h30, horário em que a cidade começa a despertar. Mas o que aconteceu depois não estava no script.
Dois homens — um deles com uma arma que parecia maior que seu braço — surgiram do nada. "Passa tudo!", gritou o mais baixo, enquanto o outro revistava sua bolsa com movimentos bruscos. Ana, treinada pelo instinto de sobrevivência que toda mulher brasileira desenvolve cedo, não reagiu. Entregou o celular, os R$ 50 que separara para o almoço e até o batom que ganhara de aniversário.
O que dizem as testemunhas?
Um mototaxista que preferiu não se identificar contou à reportagem: "Foi rápido como um raio. Os caras sumiram na esquina antes mesmo de eu conseguir piscar". Outra passageira, Dona Maria, 62 anos, completou: "Isso aqui tá virando terra sem lei. Meu neto já foi assaltado três vezes nesse mesmo ponto".
A Delegacia Geral (DG) confirmou o registro do boletim de ocorrência, mas — adivinhem? — até o fechamento desta matéria, nenhum suspeito havia sido preso. A Polícia Civil prometeu "intensificar o patrulhamento" na região. Você acredita?
Dados que assustam
- O bairro onde ocorreu o assalto registrou 18 roubos só em julho
- 62% das vítimas são mulheres que usam transporte público
- Em 80% dos casos, os criminosos agem entre 6h e 8h da manhã
Enquanto isso, Ana — nossa protagonista involuntária — tentava se recompor na delegacia. "Vou ter que pegar outro ônibus amanhã, mais cedo ainda. Trabalho não espera", disse, com uma voz que oscilava entre a resignação e a revolta. A empresa onde trabalha, diga-se de passagem, não oferece vale-transporte. Ironia ou crueldade?