Era pra ser mais uma tarde qualquer, dessas de calor abafado de Roraima, mas o routine foi quebrado por estampidos secos que ecoaram no Raiar do Sol. Um mototaxista, homem de 32 anos que ganha a vida cortando a cidade sobre duas rodas, foi alvo de uma violência inexplicável por volta das 15h desta terça-feira (19).
Segundo testemunhas — e aí a história já fica mais embaçada, porque ninguém quer falar muito —, ele simplesmente passava pela Rua das Acácias quando um ou mais indivíduos abriram fogo. Não deu tempo de correr, nem de entender. Dois projéteis o atingiram: um na perna, outro no braço. A sorte, se é que podemos chamar assim, é que nenhum dos ferimentos era fatal.
O que se viu depois foi o de sempre: sirenes, gente apreensiva nas janelas, o asfalto manchado e aquele silêncio pesado que sempre vem depois do barulho da violência. O Samu apareceu rápido, estabilizou o mototaxista e levou pro HGR. Ele tá assustado, mas consciente. Disse aos médicos que não faz ideia de quem faria isso com ele.
E aqui é que a coisa fica interessante — ou triste, depende de como você vê. A Polícia Militar não perdeu tempo. Horas depois, já tinham um suspeito preso. Um homem de 24 anos, detido não longe dali, na Avenida Venezuela. Nada foi divulgado sobre a motivação. Briga? Dívida? Case of mistaken identity? A PM não soltou detalhes, mas confirmou que a investigação corre solta.
O que sobra é aquela pergunta que não quer calar: até quando? Um trabalhador, no horário de trabalho, vira alvo fácil no meio da rua. O bairro, que tem nome de coisa tranquila — Raiar do Sol —, vira palco de mais um capítulo dessa violência urbana que a gente já nem estranha mais. A população, claro, tá com os nervos à flor da pele.
O caso agora tá com a Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Eles vão apurar tudo: as câmeras da região, os depoimentos, a arma — se for encontrada. Enquanto isso, o mototaxista se recupera. E Boa Vista, mais uma vez, tenta entender o que falhou.
