
Era para ser um dos dias mais felizes da vida dele. Mal sabia o jovem de 17 anos que a notícia da paternidade — que havia descoberto há poucas horas — seria ofuscada por uma tragédia brutal. Na noite de domingo, no bairro Porto do Centro, em Parnaíba, litoral do Piauí, a violência urbana mostrou sua face mais aleatória e cruel.
Segundo o delegado Francisco das Chagas, a execução do adolescente — cuja identidade foi preservada — foi obra de uma facção local agindo... sem alvo específico. Sim, você leu direito. "Eles saíram atrás de qualquer pessoa do bairro", afirmou o delegado, com uma franqueza que dá arrepios. Não era uma vingança pessoal, não era um acerto de contas. Era violência pura, sem rosto e sem motivo.
O que torna isso ainda mais revoltante? A vítima não tinha nenhum envolvimento com o crime. Nada mesmo. Um rapaz comum, que trabalhava, tinha planos, e acabara de receber a notícia de que seria pai. A vida inteira pela frente, interrompida por um ato de barbárie que nem ao menos era destinado a ele.
Como tudo aconteceu
Por volta das 22h30, dois indivíduos chegaram de moto e efetuaram vários disparos. O adolescente foi atingido e, mesmo socorrido, não resistiu. A cena foi de caos — e a motivação, segundo as investigações, foi simplesmente marcar território. Aterrorizar. Mandar um recado de que o crime manda naquela área.
O delegado não poupa palavras: "É um modus operandi comum de facções: agir com violência aleatória para demonstrar poder". Não importa quem. Importa o medo que fica.
E agora?
As investigações correm em sigilo. A Polícia Civil já tem imagens de câmeras de segurança e busca identificar os executores e quem mandou executar. Mas, convenhamos: prender os autores não vai devolver um futuro pai à família nem apagar o trauma de uma comunidade inteira.
Esse caso escancara uma realidade perversa. Em algumas áreas, a vida vale menos que um recado entre facções. E o pior? Isso não é exceção. É a regra em cada cada vez mais territórios.
Enquanto isso, uma família chora a perda de um filho. Uma jovem grávida chora a perda do pai de seu bebê. E uma comunidade se pergunta: quem será o próximo alvo da loteria macabra do crime?