Jovem é assassinado a tiros em frente a distribuidora no bairro Caranã, em Boa Vista
Jovem assassinado a tiros no bairro Caranã, em Boa Vista

Era pra ser uma noite como qualquer outra no bairro Caranã, em Boa Vista. Mas o silêncio da madrugada foi quebrado por tiros — muitos tiros — que ecoaram pela Rua Principal por volta das 23h desta segunda-feira (11).

Quando a poeira baixou, um jovem — ainda não identificado — jazia no chão, vitimado por disparos certeiros. Testemunhas, ainda sob choque, contam que tudo aconteceu rápido demais: dois homens em uma motocicleta chegaram como um raio, atiraram e sumiram na escuridão.

Cena do crime

O local? Bem em frente à Distribuidora São Jorge, ponto conhecido dos moradores. "Parecia filme de ação, mas era a nossa realidade", desabafa um comerciante que pediu para não ser identificado — o medo fala mais alto por ali.

Os PMs chegaram em 15 minutos, segundo o boletim de ocorrência. Mas já era tarde. O corpo do rapaz — vestindo uma camiseta branca e shorts jeans — foi encaminhado ao IML. Nada de celular ou documentos nos bolsos. Nada que pudesse contar sua história.

Reação da comunidade

O Caranã acordou diferente nesta terça. Aquele tipo de silêncio pesado que só vem depois da violência. Nas esquinas, grupos comentam em voz baixa: "Mais um". Na padaria da Dona Maria, o assunto dominou o cafezinho da manhã.

"A gente vive cercado de medo", diz ela, enquanto arruma os pães. "Meus netos não brincam mais na rua como antigamente." Não é exagero. Nos últimos três meses, este é o quarto homicídio no raio de 1 km.

O que diz a polícia

O delegado plantonista foi enxuto: "Investigamos todas as linhas". Os peritos recolheram 12 cápsulas de pistola 9mm no local — arma preferida do crime organizado na região. As câmeras de segurança? "Estavam desligadas", segundo o dono do estabelecimento.

Uma pista: o jovem teria envolvimento com facções. Mas isso ninguém confirma oficialmente. Na quebrada, os boatos voam mais rápido que a própria verdade.

Enquanto isso, a mãe do rapaz — encontrada pelos repórteres — chorava inconsolável na delegacia. "Ele era meu único filho", repetia entre soluços. A cena cortava o coração de qualquer um.