
Foi uma cena de pesadelo, daquelas que a gente nunca espera testemunhar numa quarta-feira aparentemente comum. Lá estava ela, uma mulher — nome ainda não divulgado —, caminhando por uma rua de Ceilândia, distante de saber que em segundos seu dia iria virar um verdadeiro filme de terror.
De repente, não mais que de repente, um grupo de cães de rua surgiu. Não era um, não eram dois. Era uma matilha. E o instinto deles, seja por fome, por territorialidade ou pura agressividade, despertou. A investida foi brutal, feroz, sem qualquer piedade.
Ela tentou se defender, gritou por ajuda — imagino o desespero naquela voz, um misto de pânico e incredulidade. Quem passa por isso, não é mesmo? Parece coisa de outro mundo. Mas foi real, muito real.
Eis que, num daqueles golpes de sorte que parecem saídos de um roteiro hollywoodiano, um motorista apareceu. Não era um veículo qualquer, era praticamente uma carruagem de cavaleiro moderno. O homem, ainda não identificado pelas autoridades, não pensou duas vezes.
Parou o carro de forma brusca — deve ter sido aquele barulho de pneus no asfalto que corta o ar. Desceu. Agiu. Usou o próprio veículo como barreira, como escudo, entre a mulher e os animais. Foi rápido, decisivo, corajoso. Uma reação que, convenhamos, nem todos teriam.
O que estava prestes a se tornar uma tragédia de proporções irreparáveis foi interrompido. A mulher, embora bastante assustada e com alguns ferimentos — nada extremamente grave, graças a Deus —, foi salva. Levada para um local seguro, longe daquela fúria animal inexplicável.
O vídeo que circula pelas redes sociais é, pra ser sincero, de cortar o coração. Mostra cada segundo de tensão, cada urro dos cães, cada grito. E, claro, o momento exato do resgate. Aquele instante em que a coragem de um estranho supera o medo coletivo.
Autoridades já foram acionadas e, pelo que dizem, devem intensificar a vigilância na região. Ceilândia, como tantos outros lugares pelo Brasil, sofre com o abandono animal e a falta de políticas públicas efetivas. Situações como essa, infelizmente, não são tão raras quanto deveriam ser.
Enquanto isso, a pergunta que fica é: quantos heróis anônimos circulam por aí, prontos para agir quando menos esperamos? Hoje, felizmente, um deles estava no lugar certo, na hora exata.