Diretor da PF Defende Operação no Pará: 'Não Houve Equívoco' na Morte de Filho de Escrivã
PF defende operação no Pará: 'Não houve equívoco'

O clima estava pesado na Comissão Parlamentar de Inquérito. Fabiano Bordignon, diretor-geral da Polícia Federal, parecia incômodo mas determinado. Suas palavras ecoaram pelo plenário com uma firmeza que deixou poucas dúvidas: a operação que resultou na morte do filho de uma escrivã da Polícia Civil do Pará não foi um erro.

"Não houve equívoco", afirmou ele, secamente. A frase cortou o ar como uma faca.

O caso, que aconteceu em agosto de 2023 na região metropolitana de Belém, continua gerando mais perguntas do que respostas. Um jovem de 22 anos, filho de uma servidora da própria corporação policial, morto durante uma ação da PF. A ironia da situação é dolorosa - quem deveria proteger viu sua própria família atingida pela violência que combate.

Os Detalhes que Emergiram

Bordignon foi minucioso em seu depoimento. A operação, segundo ele, tinha como alvo um grupo criminoso especializado em roubo de cargas. Um daqueles grupos que agem com uma ousadia assustadora pelas estradas do Pará.

"Tudo foi feito nos conformes", insistiu o diretor. "Desde o planejamento até a execução."

Mas aqui está o ponto que deixa todo mundo pensativo: como uma operação "planejada" termina com a morte do filho de uma colega de farda? A pergunta paira no ar, incômoda como um segredo mal guardado.

O Contexto que Preocupa

O Pará vive dias difíceis. A violência cresce como erva daninha, e as operações policiais se multiplicam. Cada ação, um risco calculado. Cada decisão, uma potencial tragédia.

Bordignon fez questão de destacar que a PF age com "absoluto respeito aos protocolos". Mas será que os protocolos são suficientes quando a realidade é tão complexa? Quando balas perdidas podem ser, na verdade, balas que encontraram alvos não previstos?

O que me deixa apreensivo é que estamos falando de vidas, não apenas de procedimentos. De famílias destruídas, não apenas de relatórios preenchidos.

As Repercussões Imediatas

Do outro lado, a família do jovem morto clama por justiça. A mãe, uma escrivã com anos de serviço, agora vê a instituição que serviu com lealdade de um ângulo completamente diferente. A dor deve ser dupla - a perda de um filho e a desilusão com um sistema que deveria proteger.

Os parlamentares na CPI pareciam divididos. Alguns apoiam a versão da PF, outros questionam com veemência. O debate esquenta, as vozes se elevam, mas no fundo todos sabem: não há resposta fácil para essa equação complicada entre segurança pública e direitos individuais.

Enquanto isso, nas ruas de Belém, a população observa com atenção. Muitos se perguntam: se isso pode acontecer com filho de policial, o que esperar para o cidadão comum?

A verdade é que casos como esse deixam marcas profundas. Marcas que não se apagam com discursos oficiais ou relatórios técnicos. E no meio de tudo isso, resta a pergunta que não quer calar: até onde podemos ir em nome da segurança, sem perder nossa humanidade no caminho?