
Era para ser mais uma tarde comum no bairro de São Caetano, em Salvador. As crianças brincando, o vai e vem dos moradores, a vida seguindo seu curso normal. Mas o que aconteceu na última terça-feira transformou completamente a rotina da comunidade.
Por volta das 15h30, o barulho seco de tiros cortou o ar. Não eram fogos de artifício, como alguns chegaram a pensar inicialmente. Era uma operação policial que, de forma trágica, atingiu em cheio uma família local.
O momento do susto
Um menino de apenas 7 anos - vamos chamá-lo de João para preservar sua identidade - brincava próximo de casa quando foi atingido por um projétil. O pânico tomou conta do local imediatamente. Vizinhos correm, gritos ecoam pelas ruas estreitas, e o que era uma cena pacífica vira um caos instantâneo.
"A gente ouviu os tiros e pensou: meu Deus, tem criança na rua", relata uma moradora que preferiu não se identificar. O medo é palpável na voz dela, que ainda tremula ao lembrar do ocorrido.
O socorro imediato
Felizmente - e isso é importante destacar - o atendimento foi rápido. A equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência chegou rapidamente ao local. Os socorristas, profissionais experientes que já viram de tudo nesse trabalho, não escondiam a preocupação.
O menino foi levado para o Hospital Geral do Estado, um dos maiores da capital baiana. Chegou consciente, o que já era um bom sinal, mas ninguém podia afirmar nada com certeza. A angústia da família era visível a cada minuto que passava.
E a polícia, o que diz?
A Polícia Militar, através de sua assessoria, confirmou que realizava uma operação de rotina na área. Dizem que trocaram tiros com suspeitos - essa sempre é a versão, não é mesmo? - e que o menino foi atingido durante esse confronto.
Mas aqui fica a pergunta que não quer calar: até quando inocentes vão pagar o preço por essas operações? Uma criança de 7 anos, que mal sabe o que é violência, se torna vítima de um conflito que não é dela.
O estado de saúde
Segundo o último boletim médico, o garoto passa bem. Ufa! Pelo menos essa notícia traz algum alívio em meio a tanta tristeza. Ele continua internado para observação, mas os médicos garantem que está estável.
O tiro atingiu a perna direita. Poderia ter sido muito pior, é verdade, mas isso não diminui a gravidade do ocorrido. Uma cicatriz física que vai ficar, e quem sabe quantas emocionais também.
E agora, o que acontece?
A Secretaria de Segurança Pública da Bahia já anunciou que vai abrir um inquérito para apurar os fatos. Mais um na lista, diga-se de passagem. Prometem investigar com "rigor" o que levou à criança ser atingida.
Enquanto isso, no bairro de São Caetano, a vida tenta voltar ao normal. Mas o medo permanece. As mães olham com mais cuidado para seus filhos brincando na rua. O som de um carro passando mais rápido já causa arrepios.
E João? Bem, ele se recupera no hospital, cercado pelo amor da família. Uma família que, como tantas outras em Salvador e no Brasil todo, aprendeu da pior maneira possível que a violência não escolhe vítimas.