Chacina em Cavalcante: Sete PMs no Banco dos Réus pelo Assassinato de Quatro Homens em Goiás
Chacina em Cavalcante: 7 PMs julgados por execução

Era uma daquelas tardes abafadas de outubro, em 2018, quando o silêncio da zona rural de Cavalcante foi quebrado por um barulho que ninguém dali esqueceria. O caso, que volta à tona agora, é pesado, daqueles que fazem a gente coçar a cabeça e perguntar: cadê a farda que deveria proteger?

Sete agentes da lei, gente que a gente é ensinado a chamar quando o perigo aperta, estão sentados no banco dos réus. A acusação? Nada simples. Eles são apontados como os autores de uma chacina que tirou a vida de quatro homens a sangue frio. A defesa deles, claro, já soltou o verbo, diz que a versão é outra, que foi confronto. Mas, cá entre nós, a história contada pelo Ministério Público é de cortar o coração.

O Dia que Tudo Aconteceu

Imagina a cena: um carro, uma caminhonete, e de repente – uma emboscada. Os PMs teriam chegado atirando, sem dó nem piedade. As vítimas? Adefaldo Borges, Cleidson Moreira, Jefferson da Silva e Jonatas Moreira. Nomes comuns, rostos de uma cidade pequena, onde todo mundo sabe a história do outro. Eles foram executados, segundo a acusação, e seus corpos deixados para trás como se fossem lixo.

O mais revoltante? A alegação de que foi "autodefesa" soa, no mínimo, esfarrapada. As provas colhidas no local não batem com a narrativa de um tiroteio. Nada de marcas de bala nos veículos dos policiais, nem mesmo a posição dos corpos faz sentido para um suposto confronto. Parece mais uma daquelas histórias mal contadas, cheirando a abuso de poder e uma coragem que vem da certeza da impunidade.

Um Processo que Arrasta, uma Dor que Não Passa

O sistema de justiça, ah, esse é lento como uma tartaruga com peso nas costas. Só agora, sete anos depois, o caso chegou ao Tribunal do Júri. Sete anos! É tempo demais para as famílias que seguram a foto dos seus filhos, pais, irmãos, esperando por um pingo de justiça.

O promotor joga pesado. Ele fala em homicídio qualificado, em motivo fútil (sim, a vida humana reduzida a algo fútil!), e uso de recurso que impossibilitou a defesa das vítimas. É de gelar a espinha. Do outro lado, os advogados de defesa tentam desqualificar as provas, dizem que é tudo invencionice. O jogo jurídico, né? Às vezes parece mais um xadrez com peças humanas.

O que está em jogo aqui vai muito além desses sete homens. É a credibilidade de uma instituição inteira. É a pergunta que não quer calar: até onde vai o poder de quem deveria servir e proteger? Em Cavalcante, uma cidade que já vive no anonimato, esse caso joga um holofote cruel sobre uma realidade que muitos prefeririam ignorar.

O júri popular decide agora. Homens e mulheres comuns vão ter que botar a mão na consciência e pesar as evidências. Será que a farda pesa mais que a verdade? O veredito desse caso vai ecoar muito além dos tribunais de Goiás. É um teste para ver se a justiça, de fato, é cega para todos.