
O que era pra ser mais uma operação de rotina do BOPE numa comunidade do Rio virou um verdadeiro barril de pólvora nas redes sociais. E não, não foi por conta de tiroteio ou apreensão recorde de drogas. Dessa vez, o estopim foram imagens que mostram algo no mínimo... peculiar.
Você já viu aqueles vídeos que parecem normais à primeira vista, mas quando você para pra pensar, algo não fecha? Pois é. Nas filmagens que circularam ontem, agentes do Batalhão de Operações Policiais Especiais aparecem saindo de residências carregando objetos que, convenhamos, não parecem ter muito a ver com trabalho policial.
"Isso não é espólio de guerra"
O comando do BOPE foi rápido no gatilho - desculpe o trocadilho - pra se manifestar. Eles garantem que vão apurar com todo o rigor as imagens que viralizaram. Mas já adiantam: segundo eles, a tal prática de espólio de guerra, aquela de levar pertences como se fossem troféus, simplesmente não existe mais. Ou pelo menos não deveria.
"A gente não aceita esse tipo de conduta", disse um porta-voz, num tom que misturava indignação genuína com um certo cansaço de sempre ter que se explicar. O problema é que, entre o discurso oficial e o que as câmeras mostram, parece haver uma lacuna considerável.
As tais imagens
O que exatamente os vídeos mostram? Bem, são cenas meio truncadas, daquelas que você pega no celular de um morador assustado. Dá pra ver uniformes pretos característicos do BOPE entrando e saindo de casas. Em alguns momentos, carregam sacolas, caixas... Coisas que, francamente, não parecem ser evidências de crime.
Numa dessas filmagens, um agente aparece com algo que lembra muito um aparelho de som. Em outra, carrega uma caixa misteriosa. Seriam pertences pessoais? Materiais apreendidos? Presentes de despedida? A verdade é que ninguém sabe ao certo, mas as especulações voam baixo e rápido.
O outro lado da moeda
Ah, mas sempre tem dois lados, não é? O BOPE argumenta que durante operações em comunidades, às vezes é necessário remover objetos que podem dificultar o trabalho ou até comprometer a segurança dos agentes. Seria o caso? Difícil dizer só pelas imagens.
Mas convenhamos: a linha entre remoção por necessidade e aquela velha prática de levar coisas como lembrancinha é tênue. Muito tênue.
O peso da história
Quem acompanha a segurança pública no Rio há mais tempo sabe que essa não é exatamente uma novidade. Práticas similares já foram denunciadas antes, sempre seguidas de promessas de apuração. E aí a gente se pergunta: será que dessa vez vai ser diferente?
O que me preocupa - e deve preocupar qualquer cidadão - é a erosão da confiança nas instituições. Quando a população para de acreditar naqueles que deveriam protegê-la, todo o sistema entra em colapso. E não, não é exagero.
E agora?
O BOPE jura de pés juntos que vai investigar até o último fio de cabelo. Prometem transparência, rigor, todas aquelas palavras bonitas que a gente ouve sempre. Mas entre prometer e fazer... bem, você sabe como é.
Enquanto isso, nas comunidades afetadas, o clima é de desconfiança misturada com resignação. Muitos moradores já nem se surpreendem mais. E talvez seja isso o mais triste de tudo.
O caso segue sob investigação interna, mas já deixou claro uma coisa: no mundo das câmeras de celular e redes sociais, nenhuma ação passa despercebida. E isso, de certa forma, é um avanço. Resta saber se as promessas de apuração vão sair do papel ou se vão virar só mais um capítulo na longa história de "casos não resolvidos" da segurança pública carioca.