O silêncio da noite em Goiânia foi quebrado por uma tragédia anunciada. Naquele 8 de outubro, uma quarta-feira como qualquer outra, uma mulher de 42 anos — cujo nome ainda não foi divulgado — enviou um áudio que hoje soa como um último pedido de socorro. A voz tremula, as palavras entrecortadas pelo medo. Ela confessava a uma amiga o pavor que sentia do próprio marido.
Poucas horas depois, estava morta.
O Crime que Chocou o Residencial Araguaia
O caso aconteceu no Residencial Araguaia, um conjunto habitacional na região leste da capital goiana. Segundo a polícia, o homem — identificado apenas como Cássio — não apenas tirou a vida da companheira como tentou desesperadamente encobrir seu crime hediondo.
Imagina a cena: ele arrasta o corpo sem vida até o carro da família, um Fiat Palio prata. Conduz até uma área rural de Senador Canedo, município vizinho. Lá, ateia fogo no veículo com a esposa dentro, numa tentativa macabra de fazer tudo parecer um acidente.
As Peças do Quebra-Cabeça Criminal
Mas a verdade tem dessas coisas — sempre aparece. Os peritos não demoraram a perceber que aquela história de incêndio acidental não fechava. A vítima apresentava perfurações no pescoço, algo que um simples incêndio não explica.
E então veio a peça crucial: o áudio. A mensagem de voz enviada pela mulher horas antes da morte, onde ela explicitamente mencionava seu medo do marido. Era a prova que faltava para transformar as suspeitas em certezas.
Quando a polícia localizou Cássio, ele já estava em fuga. Foi preso preventivamente e agora responde por feminicídio — crime que, convenhamos, tem se tornado tristemente comum no nosso país.
Uma História que se Repete
O que mais corta fundo nesse caso é que não se trata de um episódio isolado. De acordo com a delegada Fernanda Fernandes, coordenadora da Delegacia de Investigação de Homicídios, esta é a segunda mulher assassinada pelo companheiro apenas este ano em Goiânia.
Pensa bem: duas vidas interrompidas brutalmente por homens que deveriam protegê-las. Duas histórias de amor que terminaram em sangue e luto.
O corpo da vítima foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML), enquanto a família — devastada — se prepara para o enterro. O velório acontecerá nesta quinta-feira (10), mas o local ainda não foi divulgado, talvez para preservar o pouco que resta de privacidade em meio a tanta dor.
Enquanto isso, Cássio permanece à disposição da Justiça. Resta saber se o sistema será capaz de fazer justiça por mais essa vida perdida para a violência doméstica — um mal que, infelizmente, continua assombrando tantos lares brasileiros.
