Feminicídio no Piauí: servidora pediu medida protetiva 4 dias antes de ser morta
Mulher pediu proteção 4 dias antes de feminicídio no Piauí

Um caso de feminicídio chocou a cidade de Esperantina, no interior do Piauí, nesta semana. Maria Aurinete da Silva Nascimento, servidora pública, foi assassinada a facadas pelo próprio marido, José Oliveira do Nascimento, na casa do casal. O crime ocorreu na segunda-feira, dia 22 de abril.

Pedido de socorro ignorado

A vítima havia feito um pedido formal de proteção apenas quatro dias antes da tragédia. Na última quinta-feira, 18 de abril, Maria Aurinete compareceu à Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher e aos Grupos Vulneráveis (Deamgv) de Esperantina. Ela registrou um boletim de ocorrência contra o marido e solicitou uma medida protetiva de urgência.

Segundo a delegada Polyana Oliveira, que investiga o caso, a servidora pediu especificamente que o investigado fosse retirado da residência do casal. “As medidas protetivas foram imediatamente requeridas e encaminhadas pela autoridade policial ao Poder Judiciário na mesma manhã”, afirmou a delegada.

O crime e a prisão em flagrante

Na tarde de segunda-feira, vizinhos ouviram gritos vindos da casa do casal. Ao se aproximarem, encontraram a cena do crime: Maria Aurinete já havia sido atingida por múltiplos golpes de faca e morreu no local. José Oliveira tentou tirar a própria vida após o ataque, mas foi impedido por parentes e socorrido.

O suspeito foi preso em flagrante na terça-feira, 23 de abril, na cidade de Piripiri, para onde havia sido levado para receber atendimento médico. Ele segue internado em um hospital, mas já está sob custódia policial. A Polícia Civil do Piauí investiga o caso como feminicídio.

Histórico de violência e álcool

De acordo com informações da polícia e de familiares, o relacionamento do casal já passava por turbulências há algum tempo. A vítima tinha a intenção de encerrar a convivência. José Oliveira trabalhava fora de Esperantina, em regime de viagens, e havia retornado à cidade poucos dias antes do crime.

Desde seu retorno, ele apresentava um “comportamento alterado”, atribuído ao consumo excessivo de álcool. Familiares confirmaram que o suspeito estava embriagado no momento do assassinato. A delegada Polyana Oliveira destacou que a vítima mantinha um relacionamento conjugal com o autor há vários anos.

Maria Aurinete trabalhava na Secretaria de Educação de Esperantina e deixa três filhos, frutos do relacionamento com o marido acusado de seu assassinato. O caso reforça o alarmante cenário de violência doméstica no país e a urgência na efetivação das medidas protetivas solicitadas pelas vítimas.