
Imagine a cena: uma noite comum em São Carlos, aquela tranquilidade característica do interior paulista, sendo brutalmente interrompida por gritos e desespero. Foi exatamente isso que aconteceu na Rua Antônio Prado, no Centro, por volta das 22h30 de terça-feira.
O que se seguiu foi tão surreal quanto trágico. Uma discussão doméstica, daquelas que muitos casais têm, mas que dessa vez escalou para algo absolutamente inimaginável. E o mais aterrador? A testemunha principal tinha apenas nove anos de idade.
O Grito de Socorro de Uma Criança
Enquanto a violência explodia dentro de casa, o menino - cujo nome não foi divulgado para protegê-lo - manteve a cabeça no lugar de uma forma que nem muitos adultos conseguiriam. Com as mãos provavelmente tremendo, ele discou 190. A voz no outro lado da linha ouviu o desespero infantil misturado com os sons da tragédia se desenrolando.
"Parece coisa de filme, mas foi real demais", comentou um vizinho que preferiu não se identificar. "A gente nunca espera que essas coisas aconteçam tão perto."
A Chegada da Polícia
Quando os PMs chegaram, encontraram uma cena dantesca. Lá estava o homem, de 43 anos, caído no chão com múltiplos ferimentos por faca. A vida escapando por entre os cortes. Do outro lado, a mulher de 37 anos - que horas antes dividia a mesma casa com a vítima - agora sua algoz.
Os policiais não perderam tempo. Ela foi detida no local, ainda tentando entender a dimensão do que havia feito, enquanto a equipe do SAMU corria contra o relógio para tentar salvar o homem. Mas era tarde demais. Os ferimentos eram graves demais, fatais demais.
As Perguntas Que Ficam
O que leva uma discussão conjugal a terminar em tragédia? Como uma criança de nove anos processa ter que chamar a polícia para a própria mãe? Essas são questões que vão muito além do relatório policial.
O menino foi levado para a casa de parentes - o trauma certamente levará anos para ser superado, se é que um dia será completamente. Enquanto isso, a mulher agora responde nas barras da lei por homicídio doloso. A faca, aquela que deveria cortar alimentos na cozinha, tornou-se instrumento de morte.
São Carlos acordou hoje com mais uma história de violência doméstica que terminou em fatalidade. E no meio de tudo, uma criança que perdeu tanto o padrasto quanto, de certa forma, a mãe - que agora está atrás das grades.