Mãe Clama por Justiça: 10 Meses Após Brutal Assassinato de Brenda Bulhões, Ex-Namorado Continua Preso
Mãe clama por justiça 10 meses após assassinato

O coração de uma mãe não conhece o sossego. Dez longos meses se arrastaram desde aquela noite de dezembro que mudou tudo — quando Brenda Farias Bulhões, uma jovem de apenas 24 anos, teve sua vida interrompida de maneira brutal. E sua mãe, Maria Lúcia Farias, ainda espera. Espera por uma resposta que não vem, por uma justiça que teima em não chegar.

"A gente fica nesse limbo", confessa Maria Lúcia, com aquela voz cansada que só quem perdeu um pedaço de si mesmo conhece. "Cada dia é uma eternidade quando você está esperando por justiça."

O Pesadelo que Não Acaba

Era 1º de dezembro do ano passado. Uma sexta-feira como qualquer outra — ou pelo menos deveria ser. Brenda saiu de casa em São Vicente, no litoral paulista, para encontrar amigos. Rotina normal para uma jovem cheia de planos. Mas o normal viraria pesadelo nas horas seguintes.

Seu corpo foi encontrado no outro dia, no Jardim Rio Branco, em São Vicente. As marcas de violência eram tantas que até os investigadores, acostumados com cenas difíceis, se comoveram. Espancamento fatal — essas duas palavras frias não conseguem capturar a brutalidade do que aconteceu.

E o principal suspeito? Alguém que deveria proteger, não machucar. Wallace de Almeida Prado, de 26 anos, ex-namorado de Brenda. Ele estava com ela naquela noite fatídica.

A Prisão que Não Traz Paz

Aqui está um daqueles paradoxos da vida: Wallace está preso desde 3 de dezembro, mas isso não trouxe nenhum consolo para a família. Pelo contrário — a cada audiência adiada, a cada prazo que se estende, a ferida se abre de novo.

"Ele está preso, sim", reconhece Maria Lúcia. "Mas e daí? O processo não anda, a justiça não vem. Às vezes me pergunto se alguém além de nós ainda se importa."

A defensoria pública — responsável por Wallace — simplesmente não se manifesta sobre o andamento do caso. Um silêncio que dói mais que qualquer palavra.

Lembranças que Machucam e Confortam

Maria Lúcia fala da filha com aquela mistura de dor e amor que só as mães que perderam filhos entendem. "Ela era alegre, você sabe? Tinha um sorriso que iluminava o cômodo." Brenda trabalhava como operadora de caixa, sonhava com coisas simples — uma vida tranquila, talvez uma família um dia.

Os planos foram interrompidos com uma violência que ainda hoje parece incompreensível. Como alguém consegue fazer isso com outra pessoa? A pergunta ecoa na mente da mãe todos os dias, sem resposta.

Justiça: Uma Esperança que se Esvai?

Dez meses. Parece pouco para quem não está vivendo esse calvário, mas para Maria Lúcia é uma eternidade. O processo judicial segue seu ritmo burocrático, lento, quase cruel em sua indiferença.

"A gente ouve falar em celeridade processual, em direitos das vítimas", diz ela, com uma amargura que vem de meses de frustração. "Mas na prática? É como esperar por um trem que nunca chega."

Enquanto isso, Wallace permanece na cadeia — uma pequena consolação, mas longe de ser suficiente. A família quer mais: quer respostas, quer justiça, quer que o responsável seja devidamente punido. Quer, acima de tudo, que a morte de Brenda não seja apenas mais um número nas estatísticas de feminicídio.

O caso segue sob investigação do 2º DP de São Vicente. Mas para Maria Lúcia, cada dia que passa sem novidades é um dia a mais de sofrimento. "Não vou desistir", promete. "Enquanto tiver força, vou lutar por justiça para minha filha."

Enquanto o sistema judicial segue seu curso lento e previsível, uma mãe continua esperando. Esperando por algo que já deveria ter acontecido. Esperando por um fechamento que talvez nunca venha. Sua luta é a de tantas outras mulheres — mas quando é a sua filha, a dor é sempre única, sempre insuportável.