Disque-Denúncia intensifica busca por criminosos foragidos em casos de feminicídio no RJ
Cartazes buscam foragidos por crimes contra mulheres no RJ

O Rio acordou diferente nesta sexta. Espalhados por pontos estratégicos da cidade, cartazes com rostos e nomes que ninguém gostaria de cruzar na rua. São homens procurados — alguns há anos — por crimes que deixam marcas profundas: feminicídios, agressões brutais, violências que desafiam a compreensão.

Numa ação que mistura urgência e criatividade, o Disque-Denúncia resolveu tirar a busca desses criminosos das delegacias e levar para as ruas. "A gente sabe que muitas vezes a população tem medo de falar, mas também tem olhos", explica uma coordenadora do projeto, enquanto ajusta um cartaz perto da Central do Brasil.

Como funciona a campanha

Mais de 50 locais de grande circulação — terminais de ônibus, estações de metrô, mercados públicos — receberam esses avisos. Cada um traz:

  • Foto e nome completo do foragido
  • Crime pelo qual é acusado
  • Recompensa (em alguns casos)
  • Números para contato anônimo

"Tem caso que a gente nem acredita que ainda tá rolando busca", comenta um motoboy que parou pra olhar os cartazes. Ele tem razão: entre os procurados, há um homem acusado de matar a ex-companheira a facadas em 2019 — e que desde então parece ter virado fantasma.

Os números que assustam

Só no primeiro semestre deste ano, o estado registrou:

  1. 62 feminicídios consumados
  2. 143 tentativas
  3. Aumento de 17% nas denúncias

E aqui vai um dado que dói: em 80% dos casos, o assassino já tinha histórico de violência contra a vítima. "Se a gente pegar esses caras antes, é vida que a gente salva", defende uma delegada da Delegacia da Mulher.

Não é só sobre justiça — é sobre prevenção. Muitos desses foragidos não pararam no primeiro crime. A campanha quer evitar que novas mulheres virem estatística.

Como ajudar (sem se expor)

O Disque-Denúncia garante:

  • Anonimato total — nem seu número aparece
  • Recompensas que chegam a R$ 5 mil
  • Várias formas de passar a informação

"Às vezes um vizinho sabe, um parente sabe, mas tem medo. Queremos mostrar que dá pra quebrar esse silêncio", explica o coordenador. Os canais são:

  1. Ligando para 2253-1177
  2. Pelo site www.disquedenuncia.org.br
  3. Via WhatsApp no (21) 99647-9191

Enquanto isso, nas ruas, os cartazes seguram a respiração da cidade. Cada olhar que passa pode ser aquele que vai fechar um caso antigo — e talvez, quem sabe, evitar um novo.