
Imagine a desesperança de quem precisa usar um rolo de papel higiênico como único meio de comunicação com o mundo exterior. Pois é exatamente essa a realidade absurda — e profundamente triste — que veio à tona em Santa Catarina.
Um homem de 46 anos acabou preso em flagrante neste domingo (6), acusado de manter uma mulher em situação de cárcere privado há... pasmem... aproximadamente sete anos. Sete. A informação é de cair o queixo mesmo.
A estratégia incomum de pedir ajuda
O que mais choca nesse caso — além da duração, claro — é o método engenhoso que a vítima encontrou para tentar se comunicar. Durante as raras visitas da família, ela conseguia esconder pequenos bilhetes dentro dos rolos de papel higiênico. Sim, você leu certo: papel higiênico.
"Socorro" e "me tira daqui" eram as mensagens desesperadas que ela escrevia. Uma demonstração de criatividade nascida do desespero mais profundo.
Os números que assustam
Agora vem a parte que realmente dá dimensão à gravidade da situação: a Polícia Civil já havia registrado nada menos que 44 — quarenta e quatro! — boletins de ocorrência relacionados a esse mesmo agressor. Quase meia centena de registros policiais.
E sabe o que é pior? A maioria dessas ocorrências sequer era da vítima principal. Havia denúncias de outras mulheres, familiares, conhecidos... Um histórico que se acumulava enquanto a situação se arrastava.
O desfecho — finalmente
A prisão aconteceu em Rio do Sul, no Alto Vale do Itajaí, depois que a própria irmã da vítima — que recebera um desses bilhetes clandestinos — resolveu acionar a polícia. A operação foi realizada pela Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (DPCAMI).
O delegado Rafael Marcon, que coordenou a ação, não escondeu o espanto: "Ela praticamente não saía de casa. Quando saía, era sempre acompanhada". Uma vida de restrições que durou quase uma década.
O agressor agora responde por cárcere privado e, pasmem novamente, já tinha passagem pela polícia por um crime similar contra a própria mãe. Um padrão de comportamento que se repetia.
E agora?
A vítima foi encaminhada para a rede de proteção — felizmente — e deve receber todo o apoio necessário. Já o acusado, bem, ele segue atrás das grades, onde foi recolhido após a audiência de custódia.
Um caso que serve como alerta sobre a importância de prestar atenção aos sinais — por mais incomuns que sejam — e sobre a necessidade de não normalizar comportamentos abusivos. Às vezes, o pedido de socorro pode estar onde menos esperamos: até mesmo num simples rolo de papel higiênico.