
O silêncio pesado do mercado naquele dia comum deixou de ser comum para sempre. A Justiça gaúcha, diga-se de passagem, não ficou com meias medidas: condenou nesta sexta-feira (4) um homem a três décadas atrás das grades. O motivo? Um feminicídio que aconteceu dentro de um estabelecimento comercial em São Pedro do Sul, no coração do Rio Grande do Sul.
Parece até cena de filme, mas foi realidade pura e dura. O crime ocorreu em fevereiro de 2023 - faz mais de dois anos, mas a ferida ainda sangra na memória de quem testemunhou aquela cena dantesca. A vítima, uma mulher de 42 anos, teve sua vida interrompida de forma brutal e, pasmem, dentro de um lugar público, cheio de gente.
Os detalhes que arrepiam
Aqui é que a coisa fica complicada de digerir. O tal homem, de 45 anos, não era um desconhecido da vítima. Muito pelo contrário. Eles tinham um relacionamento anterior, daqueles que deixam marcas - e algumas marcas, infelizmente, são fatais.
Testemunhas contaram - e a polícia confirmou - que a discussão começou do nada, ou melhor, do tudo que estava por vir. Briga de casal? Talvez. Ciúmes? Provavelmente. O fato é que as palavras escalaram para algo muito pior. E num piscar de olhos, o mercado se transformou num palco de horror.
A sentença que veio para ficar
O juiz, ao proferir a sentença, foi categórico: tratou-se de feminicídio qualificado. E olha, a qualificação veio por dois motivos que dão arrepios. Primeiro, o crime aconteceu durante violência doméstica - aquela que deveria ser combatida, não terminada em morte. Segundo, e isso é de cortar o coração, a vítima foi morta na frente de outras pessoas. Como se o agressor quisesse fazer um espetáculo da própria crueldade.
Trinta anos. Parece muito? Para a família da vítima, nunca será suficiente. Para a sociedade, é um alívio saber que a Justiça não fez vista grossa. O cara vai cumprir pena em regime inicialmente fechado - e bem fechado, diga-se.
O que me deixa pensando: até quando vamos ver histórias como essa se repetirem? Mercados deveriam ser lugares de compras, de conversas corriqueiras, não de vidas sendo ceifadas. São Pedro do Sul, uma cidade normalmente tranquila, agora carrega essa mancha em sua história.
A defesa, é claro, já anunciou que vai recorrer. Mas a promotoria parece ter construído um caso sólido - testemunhas, provas, tudo indicando que não houve alternativa senão a condenação.
Enquanto isso, a família tenta reconstruir a vida sem sua ente querida. Trinta anos passam, mas a saudade não. E a pergunta que fica ecoando: será que um dia vamos conseguir prevenir esses crimes antes que aconteçam?