
Imagine a desesperança de quem, sem ter para onde correr, precisa usar rolos de papel higiênico como meio de comunicação com o mundo exterior. Foi exatamente essa a realidade brutal enfrentada por uma mulher de 37 anos aqui mesmo, em Itajaí.
Doze dias. Parece pouco? Tente passar quase duas semanas trancada num quarto de hotel, sem saber se vai sobreviver ao próximo minuto. A vítima, cuja identidade preservamos por questões óbvias, foi mantida em cárcere privado pelo próprio companheiro – um homem de 45 anos que, pasmem, já tinha passagens pela polícia.
Os Bilhetes que Revelaram o Pesadelo
O que mais choca nesse caso – e olha que tudo aqui é profundamente chocante – é a criatividade macabra do agressor. Ele não apenas a mantinha trancada: chegou ao cúmulo de trancar a privada! Sim, você leu direito. A vítima precisava pedir autorização até para usar o banheiro.
Mas ela não se rendeu. Com uma coragem que poucos teriam, começou a escrever pequenos bilhetes no próprio papel higiênico. "Socorro", "Estou presa", "Me ajudem". Palavras simples que carregavam um peso imenso de desespero.
Quando finalmente conseguiu acesso ao celular – não se sabe exatamente como – mandou mensagens para a família. E aí a coisa desandou de vez para o agressor.
A Chegada da Polícia e a Revelação
A Polícia Militar chegou ao hotel no último sábado, e a cena que encontraram era digna de filme de terror. A mulher, visivelmente abalada, mostrou os bilhetes escritos no papel higiênico. Cada rolo era uma prova silenciosa dos dias de inferno que havia enfrentado.
O delegado Rafael Silva Costa, que está cuidando do caso, não escondeu o impacto. "É um daqueles casos que te fazem questionar até onde pode ir a crueldade humana", comentou, visivelmente abalado.
O agressor, é claro, tentou se fazer de vítima. Disse à polícia que agiu assim porque a companheira estava usando drogas. Só que aí vem a pergunta que não quer calar: mesmo se fosse verdade – e não há nenhuma evidência disso – isso justificaria trancar alguém como animal?
As Marcas que Não São Físicas
O que mais preocupa nesses casos – e eu já vi muitos ao longo dos anos – são as cicatrizes invisíveis. A vítima não apresentava marcas físicas aparentes, mas a tortura psicológica deixa feridas que podem levar uma vida inteira para cicatrizar.
Ela foi encaminhada para a Delegacia de Proteção à Mulher, Criança e Adolescente, onde o caso continua sendo investigado. O agressor, é claro, foi preso em flagrante. Cárcere privado é crime, e das coisas mais graves que existem.
O que me deixa pensando é: quantos casos assim acontecem sem que ninguém descubra? Quantas pessoas estão presas em seus próprios lares, sem ter sequer papel higiênico para pedir ajuda?
Espero que essa história sirva de alerta. A violência doméstica muitas vezes começa sutil, mas pode chegar a extremos inimagináveis. E o mais importante: sempre há uma saída. Sempre há esperança.