
Blumenau, aquela cidade que todo mundo associa com Oktoberfest e construções germânicas, esconde um retrato que poucos veem — ou preferem ignorar. Nas calçadas que beiram os prédios históricos, vivem pessoas. Gente. Com histórias que dariam livros.
Um estudo recente — desses que a gente lê e fica remoendo por dias — trouxe números que cutucam a consciência. Cerca de 70% dos moradores de rua da cidade são homens. A maioria? Entre 30 e 59 anos. Mas o que mais dói é saber que muitos estão nessa há mais de 5 anos. Cinco invernos sem teto. Cinco verões sob sol escaldante.
Não é só álcool e drogas
Ah, o preconceito... Muita gente ainda acha que é só questão de vício. Mas os dados mostram outra realidade:
- Desemprego bateu forte em 42% dos casos
- Conflitos familiares aparecem como motivo pra 28%
- Doença mental afeta 1 em cada 5 pessoas
E tem mais — coisa que não se fala nas rodinhas de bar. Quase 15% citaram a perda da moradia por falta de grana. Sim, aluguel que virou bola de neve e jogou gente pra calçada.
O lado que ninguém vê
Mulheres nas ruas? São minoria, mas a situação delas é ainda mais frágil. Muitas fugiram de violência doméstica — escolher entre apanhar em casa ou arriscar-se na rua não é escolha, é desespero.
E os idosos? A pesquisa encontrou gente com mais de 60 anos vivendo no fio da navalha. Aposentadoria que não cobre remédios, filhos que sumiram, solidão que dói mais que fome.
"Tem dias que a gente é invisível", contou um senhor de 58 anos que prefere não dar o nome. Ele, que já foi pedreiro, hoje recolhe latinhas pra comer. A ironia? Constrói muros de prédios luxuosos enquanto dorme atrás de caixas.
O que Blumenau está fazendo?
A prefeitura — que podia estar fazendo mais — mantém alguns abrigos. Mas sabe como é: lotados no inverno, vazios quando esquenta. Faltam políticas públicas que enxerguem gente, não números.
Organizações sociais tentam tapar o sol com peneira. Distribuem sopa, doam cobertores. Nobre? Sim. Resolve? Nem de longe. Enquanto isso, o centro da cidade vira palco de um drama humano diário.
No fim das contas, esses dados são mais que estatísticas. São vidas interrompidas. Histórias que começaram como a sua e a minha, mas tomaram rumos que ninguém planeja quando criança.