Professor é denunciado por agressão a aluno com TDAH em escola de MG: 'Meu filho voltou chorando'
Professor denunciado por agressão a aluno com TDAH em MG

Uma situação que deveria ser de aprendizado virou pesadelo para uma família de Patos de Minas. Na última terça-feira, o que começou como um dia comum na Escola Municipal Dona Vilma transformou-se num episódio de violência que deixou marcas profundas — e não estou falando apenas das físicas.

O pai do estudante, um garoto de 12 anos diagnosticado com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), não esconde a revolta ao contar o que aconteceu. "Meu filho voltou para casa completamente transtornado, chorando sem parar", relata ele, cuja identidade preferiu manter em sigilo. "Quando consegui acalmá-lo, veio a história que me deixou de cabelo em pé."

Segundo o relato do adolescente — e posteriormente confirmado por outros alunos — o professor de matemática teria perdido a paciência durante a aula. O motivo? O menino, em função da sua condição, estaria se mexendo demais na cadeira. Em vez de usar métodos pedagógicos adequados, o educador partiu para a agressão física.

"Puxão de orelha que doeu até na alma"

O que o professor classificou como um "simples puxão de orelha" foi, na verdade, algo muito mais violento. Testemunhas descreveram a cena como constrangedora e desproporcional. "Foi um daqueles puxões que doem até na alma", desabafa o pai, ainda visivelmente abalado.

O pior de tudo? A escola tentou minimizar o ocorrido. "Me disseram que era 'apenas uma chamada de atenção'", conta o pai, com a voz embargada. "Como se meu filho fosse um cachorro sendo adestrado, não uma criança com uma condição médica que precisa de compreensão."

Diante da falta de respostas satisfatórias da instituição, a família não pensou duas vezes: foi direto à delegacia registrar um boletim de ocorrência. A queixa formal contra o professor já está nas mãos da polícia, que inicia agora as investigações.

Secretaria de Educação entra em cena

A Secretaria Municipal de Educação de Patos de Minas — que responde pela escola — não ficou imune ao caso. Imediatamente após tomar conhecimento dos fatos, determinou a abertura de uma sindicância interna. O objetivo é apurar com rigor tudo o que aconteceu naquela sala de aula.

Enquanto isso, o professor envolvido foi afastado preventivamente das suas funções. Medida acertada, diga-se de passagem. Ninguém com esse tipo de comportamento deveria estar em contato com crianças — especialmente aquelas com necessidades especiais.

O que mais me preocupa nessa história toda é o descaso inicial. Quantos casos assim acontecem e não chegam ao conhecimento público? Quantas crianças sofrem caladas porque as escolas preferem abafar os problemas?

O TDAH não é desculpa — é explicação

Precisamos falar sobre isso. Crianças com TDAH não são "desobedientes" ou "mal-educadas". Elas têm uma condição neurobiológica que torna o controle dos impulsos e a manutenção da atenção verdadeiros desafios diários.

Um professor — principalmente na rede pública — deveria estar preparado para lidar com a diversidade em sala de aula. A inclusão não é um favor, é um direito. E violência, em qualquer circunstância, nunca é método educativo.

Agora, a família aguarda. Aguarda justiça, aguarda respostas, aguarda que medidas concretas sejam tomadas para que nenhuma outra criança passe por situação semelhante. Enquanto isso, o menino segue tentando superar o trauma — e a família, a dor de ver seu filho vítima daqueles que deveriam protegê-lo.

O caso serve de alerta para escolas de todo o país: a educação precisa de empatia, não de violência. E quando a linha é cruzada, as consequências devem ser severas. A sociedade está de olho.