
O coração de uma mãe não sabe o que é descanso quando o filho some no mundo. E em Belém, no bairro do Guamá, é exatamente essa angústia que aperta o peito de Maria Ferreira. Seu menino, Davi, de apenas 14 anos, virou fumaça na última terça-feira (20) e desde então, o silêncio é o que mais dói.
Não foi uma discussão, não teve um bilhete, nada. Simplesmente… foi. A última vez que alguém botou os olhos nele, o garoto estava pela Rua do Una, por volta das 15h, vestindo uma camisa preta e calça jeans – uma roupa comum, de quem não espera que o dia vá terminar diferente.
E agora, Maria? Agora é uma espera que corta. A Delegacia de Atendimento ao Adolescente (DEAD) já foi acionada, o boletim de ocorrência registrado, mas a verdade é que cada minuto que passa é uma eternidade. A família tá desdobrada, vasculhando cada canto, perguntando a cada vizinho, tentando seguir qualquer pista, por mais fraca que seja.
Não é só um rosto num papel
Davi não é apenas mais um nome na lista dos desaparecidos. Ele é um adolescente de 1,65m, cabelos castanhos, olhos claros. Um filho. Um irmão. Um amigo. Alguém que faz falta na mesa do jantar e no barulho da casa.
Aqui, a gente apela. Será que ninguém viu? Ninguém ouviu algo? Às vezes, a menor informação, aquela que parece insignificante, pode ser o fio que desenrola todo o novelo. A DEAD pede: quem souber de qualquer coisa, por menor que seja, não hesite. Ligue para o (91) 98404-5134 e fale com a investigadora Renata. Pode ser anônimo. Pode salvar.
Enquanto a cidade segue sua vida, uma família inteira parou no tempo. E é nessas horas que a gente vê o que realmente importa: a comunidade. Compartilhar, ficar de olho aberto, ser a voz de quem não pode gritar. Davi precisa voltar para casa. E cada um de nós pode ser a ponte para que ele cruze de volta.