
Os números são mais do que estatísticas; são um retrato cru de uma realidade que corta fundo. Um levantamento recente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) joga luz sobre uma tragédia silenciosa que avança a passos largos: jovens negros representam 73% de todas as mortes por causas externas no país. Sim, você leu direito. Sete em cada dez.
O que isso significa na prática? Que acidentes de trânsito, afogamentos, agressões e até mesmo aqueles eventos que a gente chama de 'fatalidade' estão, na verdade, profundamente atrelados a uma questão racial e social. Não é coincidência. É padrão.
Uma Geração Sob Ameaça
Pare para pensar. Enquanto a gente discute os assuntos de sempre, uma parcela gigante da nossa juventude está sendo dizimada. O estudo, que analisou dados de óbitos entre 2020 e 2022, não deixa margem para dúvidas: a violência é a principal causa de morte para brasileiros entre 15 e 29 anos. E o peso é desproporcionalmente carregado nos ombros de jovens negros.
É como se houvesse dois Brasis. Um que segue sua vida, e outro que luta para sobreviver a ela. A pesquisa aponta que, para cada jovem branco vítima de causas externas, quase três jovens negros perdem a vida. A matemática, nesse caso, é desumana.
Além dos Números: O Que Está Por Trás?
Os pesquisadores são claros: não dá para fingir que é só uma fatalidade. O que temos aqui é um emaranhado de fatores – falta de oportunidade, acesso precário a serviços públicos, racismo estrutural e uma exposição muito maior à violência urbana. São vidas interrompidas no auge, sonhos cancelados, famílias destruídas.
E olha, não é de hoje. A gente vem normalizando essa carnificina, tratando como se fosse algo distante. Mas não é. É aqui, é agora, é ao redor da esquina. É uma emergência de saúde pública, mas também uma chaga social que não fecha.
E Agora? Para Onde a Gente Vai?
O relatório da Fiocruz não é só um alerta; é um grito. Um chamado para políticas públicas efetivas que olhem com urgência para essa juventude. Precisamos de mais do que discurso. Precisamos de ação. De investimento em educação, cultura, emprego e, claro, segurança – mas uma segurança que proteja, e não que extermine.
Porque no fim das contas, o que está em jogo não é um gráfico ou uma porcentagem. São vidas. Milhares delas. E cada uma dessas vidas importa.