Crianças Abandonadas em Manaus: Vizinhos Salvam Meninas que Passavam Fome e Sede em Residência de Petrópolis
Crianças abandonadas e sem água são resgatadas em Manaus

Foi preciso que alguém, com o coração na mão, resolvesse ligar para a polícia. Algo não estava certo naquela casa da Rua Salvador, no bairro Petrópolis, zona centro-sul de Manaus. E não estava mesmo. A denúncia anônima, feita na tarde dessa segunda-feira (19), revelou um daqueles cenários que a gente nunca imagina encontrar tão perto.

Ao chegarem ao local, os agentes se depararam com a mais pura fragilidade: duas meninas, pequeninas ainda – uma de 4 e outra de 7 anos – completamente sozinhas. A casa, um retrato fiel do abandono. Nada de água potável para beber. Nada de comida. Um silêncio pesado, quebrado apenas pelo choro das crianças.

A sorte – se é que podemos chamar assim – é que a porta estava destrancada. Os policiais conseguiram entrar e resgatar as irmãs daquela situação desumana. Imagina só a cena? Crianças naquela tenra idade, entregues à própria sorte, sem um adulto para lhes dar um copo d'água. É de cortar o coração.

O Resgate e a Busca pela Mãe

Os vizinhos, esses heróis não reconhecidos do dia a dia, foram os primeiros a soar o alarme. Eles contaram às autoridades que a mãe das crianças simplesmente... desapareceu. Não dava as caras há dias. O que será que passa pela cabeça de alguém para fazer uma coisa dessas?

As meninas, visivelmente assustadas e desorientadas, foram levadas para uma unidade de saúde. Desidratação, fome, medo – o pacote completo de negligência. Enquanto os agentes de law enforcement cuidavam delas, outra equipe partiu numa missão: encontrar a genitora.

E encontraram. Não demorou muito para localizá-la. O que se seguiu foi uma conversa franca, daquelas que ninguém gosta de ter. A mulher alegou, perante os policiais, que havia saído para resolver uns assuntos. Uns assuntos. Deixar duas crianças sozinhas em casa, sem qualquer supervisão ou provisões, não se enquadra em negligência? Claro que sim.

E Agora, José?

O caso foi parar na mesa da Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA). Eles é que vão desvendar esse novelo triste e decidir que medidas tomar. Será que a mãe vai responder criminalmente? O que vai acontecer com as crianças? Perguntas difíceis que ainda precisam de respostas.

Esse tipo de situação joga uma luz brutal sobre um problema que muitos insistem em ignorar. A vulnerabilidade social é real, e ela bate à porta de milhares de lares brasileiros todos os dias. Mas, cá entre nós, deixar crianças sem água? Isso vai além de qualquer dificuldade financeira. É uma falha humana básica, daquelas que doem na alma.

Por um triz a história não terminou em tragédia. Graças a um vizinho atento e a uma equipe policial que agiu rápido. Mas e se ninguém tivesse ouvido o choro? E se a denúncia não fosse feita? É melhor nem pensar. O que importa é que, desta vez, o sistema – falho como é – funcionou. As crianças estão salvas. E a gente fica aqui, se perguntando como algo assim ainda pode acontecer.