Mãe encontra filho autista trancado sozinho em pátio de escola em Teresina: 'Negligência gravíssima'
Criança autista trancada sozinha em escola de Teresina

Imagine chegar na escola para buscar seu filho e encontrá-lo completamente sozinho, trancado num pátio cercado de grades, enquanto todas as outras crianças estão em sala de aula. Foi exatamente esse cenário de pesadelo que uma mãe viveu nesta terça-feira (20) em Teresina – e olha, não foi nada bonito.

A coisa toda aconteceu num colégio particular da zona Leste da capital, por volta das 10h30 da manhã. A dona de casa Jéssica Almeida, 32 anos, foi buscar o pequeno Miguel, de apenas 5 anos, que tem transtorno do espectro autista (TEA). Só que em vez de encontrá-lo na sala com os amiguinhos, deparou com a cena que nenhum pai quer ver: o menino isolado num espaço externo, sozinho, sem nenhum adulto por perto.

“Meu coração simplesmente gelou”, desabafa Jéssica, ainda visivelmente abalada. “Como deixam uma criança dessa idade sozinha assim? E ainda por cima trancada? Isso é negligência pura, não tem outro nome”.

“Já é a segunda vez”

O pior de tudo? Segundo a mãe, essa não foi a primeira vez que algo do tipo aconteceu. Ela conta que em abril outro episódio similar rolou – Miguel teria ficado abandonado no parquinho da escola. Na ocasião, a direção do colégio teria pedido desculpas e prometido que iria apurar tudo. Mas parece que a lição não foi aprendida.

“Dessa vez eu não vou ficar quieta não”, afirma Jéssica, com a voz firme. “Já registrei dois boletins de ocorrência na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente. Chega de descaso com nossas crianças”.

E a escola, o que diz?

Bom, a direção da instituição – que o G1 optou por não identificar – nega veementemente que tenha havido abandono ou negligência. Em nota, afirmou que “sempre primou pela segurança e bem-estar dos alunos” e que “repudia qualquer forma de descuido”.

Segundo a versão da escola, Miguel teria saido da sala sozinho e a professora, ao notar a ausência, foi procurá-lo imediatamente. A tal área cercada seria, na verdade, um espaço de convivência – e não um local de confinamento. Eles garantem que o tempo sozinho foi “breve” e que a criança estava “sempre sob supervisão”.

Mas convenhamos – a versão da mãe e a da escola são como água e óleo. Não batem nem a pau.

O que diz a lei?

Especialistas em educação que consultamos foram claros: deixar criança pequena sozinha em qualquer ambiente escolar é falha gravíssima de supervisão. Com crianças autistas, a responsabilidade é ainda maior, já que muitas têm tendência a fugir ou se colocar em situações de risco sem perceber.

O Conselho Tutelar da região já foi notificado e deve abrir procedimento para investigar o caso. A Secretaria Municipal de Educação também foi acionada – mesmo sendo escola particular, o município pode aplicar sanções.

Enquanto isso, Jéssica diz que vai tirar Miguel da escola. “Confiança não se recupera assim”, lamenta. “Como vou deixar meu filho num lugar onde não posso ficar tranquila?”.

E você, leitor, o que acha? Até onde vai o limite da responsabilidade escolar? Isso foi um isolado ou reflexo de um problema maior? A discussão está só começando.