Tragédia no Trânsito: Cadeirante em Situação de Rua é Atropelado Durante Pedido de Ajuda em Ribeirão Preto
Cadeirante em situação de rua atropelado em Ribeirão Preto

A vida já não era fácil para ele - um cadeirante tentando sobreviver nas ruas de Ribeirão Preto. Mas na tarde de terça-feira, o que já era difícil tornou-se tragédia. Enquanto pedia doações para conseguir seguir mais um dia, o homem foi atingido por um carro na Avenida Luiz Galvão Cezar, no bairro Ipiranga.

Testemunhas contam que tudo aconteceu rápido demais. Uma dessas situações que a gente pensa "poderia ter sido evitada". O homem, cuja identidade ainda não foi divulgada, estava em sua cadeira de rodas fazendo aquilo que se tornara sua rotina diária: implorar por um pouco de solidariedade.

O momento do impacto

Por volta das 15h30, o trânsito flui normalmente. De repente, o barulho seco do choque. O veículo, um Honda Civic prata, simplesmente não conseguiu evitar a colisão. Ou será que não tentou o suficiente? É difícil dizer.

O socorro chegou rápido, graças a Deus. O SAMU apareceu no local e encontrou o homem consciente, mas claramente assustado - quem não ficaria? Os paramédicos fizeram o possível para estabilizá-lo antes do transporte para o Hospital Santa Lydia, onde recebeu os primeiros cuidados.

Uma vida de lutas sobre rodas

O que mais me corta o coração é pensar na dupla vulnerabilidade desse homem. Já enfrentando as duras realidades das ruas, ainda tinha a mobilidade reduzida. Sua cadeira de rodas era ao mesmo tempo seu meio de locomoção e sua prisão - especialmente num mundo que parece ter sido construído apenas para quem anda sobre duas pernas.

Moradores da região contam que ele era uma figura conhecida. "Sempre via ele por aqui, quieto no seu canto", disse uma testemunha que preferiu não se identificar. "Dava pena, mas o que a gente pode fazer?"

E agora, o que acontece?

A Polícia Militar registrou o ocorrido como acidente de trânsito. O motorista - pasmem - prestou socorro imediato e cooperou com as investigações. Mas isso apaga o que aconteceu? Claro que não.

Enquanto isso, o homem segue hospitalizado. Seu estado é estável, segundo os últimos boletins médicos. Mas e amanhã? Quando receber alta, para onde vai? Volta para as mesmas ruas que quase lhe custaram a vida?

Cases como esse me fazem questionar: será que estamos mesmo evoluindo como sociedade? Um cadeirante em situação de rua - a frase em si já deveria ser um oxímoro numa civilização que se diz desenvolvida.

Ribeirão Preto, cidade rica do agronegócio, precisa encarar seus fantasmas. A vulnerabilidade nas esquinas, a invisibilidade de quem pede ajuda. E o trânsito, esse monstro urbano que não perdoa nem mesmo quem já carrega tantas dificuldades.

O homem sobreviveu desta vez. Mas quantos mais precisam ser atropelados - literal e figurativamente - antes que algo mude?