
A sala de aula deveria ser um lugar de aprendizado, não de terror. Mas na última sexta-feira, algo terrível aconteceu numa escola em Santos — algo que deixa a gente se perguntando onde foi que perdemos o rumo como sociedade.
Um adolescente de 14 anos, que convive diariamente com a Síndrome de Tourette, foi submetido a uma agressão tão violenta que perdeu a consciência ali mesmo, no chão da escola. E o agressor? Um colega de turma. A ironia cruel é que o menino estava sendo intimidado justamente por causa dos tiques característicos do seu transtorno.
A família ainda está tentando processar o acontecido — e quem pode culpá-los? A mãe do jovem descreve a cena com uma voz quebrada pela dor: "Ele chegou em casa com o rosto inchado, marcas por todo o corpo e um olhar vazio que nunca tinha visto antes".
O que exatamente aconteceu naquele dia?
Pelos relatos, a violência começou com provocações — daquelas que muitos consideram "brincadeira de criança". Mas escalou rapidamente para algo muito pior. O colega começou a imitar os tiques do adolescente, depois partiu para empurrões, e então... bem, então veio a surra.
Até perder a consciência — essas três palavras simples não conseguem capturar a brutalidade do que aconteceu. O menino desmaiou no chão da escola, cercado por outros estudantes que assistiam horrorizados.
E a escola? O que fez?
Aqui é que a história fica ainda mais complicada. A família alega que a direção não tomou as providências adequadas — nem durante, nem depois do ocorrido. "Eles minimizaram a gravidade", conta a mãe, com uma mistura de raiva e desespero. "Como se fosse apenas mais uma briga entre adolescentes."
Mas não era. Como qualquer pessoa com um pingo de sensibilidade sabe, agredir alguém por causa de uma condição neurológica não é "briga" — é covardia pura.
Agora, a família busca justiça. Registraram um boletim de ocorrência na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância — porque sim, isso também é uma forma de intolerância — e esperam que o caso não seja esquecido como tantos outros.
O problema vai além deste caso isolado
Você já parou para pensar quantos estudantes com condições especiais sofrem calados nas nossas escolas? A inclusão virou palavra da moda, mas na prática... ah, na prática ainda temos um longo caminho pela frente.
A Síndrome de Tourette, para quem não sabe, não é uma escolha. É um transtorno neurológico que causa tiques motores e vocais — e imaginar alguém sendo violentado por algo que não pode controlar é de cortar o coração.
O que este caso revela é uma falha sistêmica no nosso tratamento da diversidade nas escolas. Inclusão não é só colocar o aluno na sala de aula — é garantir que ele esteja seguro, respeitado e protegido.
A Secretaria Municipal de Educação de Santos diz que está acompanhando o caso e oferecendo apoio à família. Mas será que isso é suficiente? Diante de uma agressão tão brutal, a gente fica se perguntando se medidas punitivas mais severas não seriam necessárias.
Enquanto isso, o adolescente tenta se recuperar — tanto fisicamente quanto emocionalmente. Os traumas desse tipo de violência não saram com gelo e analgésicos. E a pergunta que fica é: quantos casos como esse precisam acontecer até que a gente, como sociedade, acorde para a urgência de combater o bullying de verdade?