Sobral Implementa Reconhecimento Facial em Escola Após Tragédia: Veja Como Foi o Primeiro Dia
Reconhecimento facial em escola de Sobral após ataque

O clima era de apreensão misturada com esperança. Na Escola de Educação Profissional Professor César Campelo, em Sobral, no interior do Ceará, o primeiro dia de reconhecimento facial trouxe uma sensação estranha - aquela mistura de alívio por mais segurança e desconforto por saber por que era necessário.

Quem diria que precisaríamos chegar a esse ponto, não é mesmo? Mas depois daquele ataque horrível que tirou a vida de dois jovens estudantes em setembro, algo precisava mudar. E mudou.

Novos tempos, novos acessos

As câmeras agora não só gravam - elas identificam. Cada rosto que se aproxima dos portões é escaneado em segundos. O sistema cruza informações com um banco de dados autorizado e... pimba! Acesso liberado ou negado.

Funciona assim: estudantes e funcionários cadastrados são reconhecidos instantaneamente. Visitantes? Precisam se identificar no modo tradicional, com documento na mão. Uma dupla camada de proteção que, convenhamos, traz certo conforto num momento tão delicado.

Na prática, como foi?

Pela manhã, filas mais longas que o normal. Não por ineficiência do sistema - que pareceu funcionar que era uma beleza - mas pela curiosidade natural. Todo mundo queria ver a novidade funcionando.

"Demorou uns segundos a mais, mas deu certo", contou um aluno que preferiu não se identificar. O menino tinha aquela voz meio embargada, sabe? Como quem ainda sente o peso dos acontecimentos recentes.

Os portões eletrônicos, controlados remotamente pela tecnologia, abriam e fechavam com um ruído suave. Um vai-e-vem diferente do habitual, mas necessário.

E os pais, o que acharam?

Aqui a coisa divide. Tem quem ache exagero, invasivo. Outros respiram aliviados, finalmente sentindo que seus filhos estarão mais protegidos.

"Melhor prevenir do que remediar", disse uma mãe com as mãos trêmulas segurando a bolsa. "Depois do que aconteceu, qualquer medida é pouca."

Mas tem também quem questione: até onde vamos permitir que a tecnologia invada nossos espaços? É um debate complexo, sem respostas fáceis.

Do luto à ação

O que ninguém discute é a dor que motivou tudo isso. Dois jovens cheios de vida, sonhos interrompidos brutalmente. A escola, que antes era sinônimo de aprendizado e amizades, virou palco de tragédia.

E agora tenta se refazer. Com tecnologia, sim, mas principalmente com diálogo. Reuniões com pais, apoio psicológico, e essa nova ferramenta biométrica como parte de um pacote mais amplo de segurança.

O secretário da Educação, Maurício Holanda, defende a medida com convicção. Para ele, é sobre proteger vidas - ponto final. Mas reconhece que o sistema ainda está em fase de ajustes, sujeito a melhorias.

E o futuro?

Se der certo em Sobral, a ideia pode se espalhar por outras escolas do Ceará. Um experimento cuidadosamente observado por educadores e especialistas em segurança de todo o país.

Enquanto isso, na Escola César Campelo, a vida segue. Entre olhares curiosos para as novas câmeras e a saudade dos colegas perdidos, constrói-se um novo normal. Mais seguro, tecnológico, mas nem por isso menos humano.

Afinal, como dizem por aí, é nos momentos mais difíceis que mostramos do que realmente somos feitos.