Tenente absolvido da morte de Leandro Lo é solto após júri
Policial absolvido na morte de Leandro Lo é solto

O tenente da Polícia Militar Henrique Otávio Oliveira Velozo recuperou a liberdade na madrugada deste sábado (15), após ser absolvido pelo Tribunal do Júri pela morte do lutador Leandro Lo em 2022. O policial deixou o presídio militar Romão Gomes após mais de um ano de prisão preventiva.

O processo de absolvição

O júri que decidiu pelo absolvimento do tenente Velozo ocorreu no Fórum Criminal da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo, começando na quarta-feira (12) e terminando com a sentença na sexta-feira (14). Sete jurados - cinco mulheres e dois homens - formaram o conselho de sentença que inocentou o policial por maioria de votos.

A decisão foi proferida pela juíza Fernanda Jacomini, da 1ª Vara do Júri. O alvará de soltura foi expedido ainda na sexta-feira, conforme confirmou o Tribunal de Justiça de São Paulo.

Próximos passos da defesa

Claudio Dalledone, advogado de defesa de Velozo, afirmou que o próximo objetivo é recuperar a imagem do policial e solicitar seu retorno ao trabalho. "Agora o próximo passo é reconstruir a imagem dele que foi indevidamente manchada", declarou Dalledone.

O plano inclui uma gestão de crise de imagem e uma entrevista do tenente com a imprensa, programada para o início da próxima semana. "Ele tem que falar para o povo que o condenou numa opinião publicada, que é diferente de opinião pública, como as coisas se deram naquela noite", explicou o advogado.

Controvérsias e críticas

Dalledone criticou a expulsão antecipada de Velozo da Polícia Militar pelo governador Tarcísio de Freitas. A defesa já conseguiu uma liminar suspendendo a decisão de expulsão.

O advogado também comentou sobre a equipe de acusação, formada por oito advogados e três promotores: "Nem no Carandiru existiu isso. Tinham dois promotores no Carandiru. Existia um denodo todo especial voltado para a condenação de Henrique Velozo".

Do outro lado, Adriano Vanni, advogado da família de Leandro Lo, manifestou perplexidade com a decisão: "Eu não consigo entender legítima defesa, mas o jurado entendeu que foi legítima defesa, mesmo ele tendo dado um tiro na cabeça de um cara desarmado, dentro de uma festa, ter fugido".

O crime e suas circunstâncias

Leandro Lo, campeão mundial de jiu-jitsu com apenas 33 anos, foi morto na madrugada do dia 7 de agosto de 2022 durante um show do grupo Pixote no Clube Sírio, no bairro Planalto Paulista.

Segundo testemunhas e a investigação, o conflito começou quando um homem - posteriormente identificado como o tenente Velozo - entrou no grupo de amigos do lutador, pegou uma garrafa de bebida e começou a balançá-la enquanto encarava Lo de forma provocativa.

O lutador então derrubou o policial e o imobilizou, mas outras pessoas intervieram e separaram a briga. Testemunhas relataram que não houve agressões físicas significativas. Foi quando, de acordo com os relatos, o tenente sacou uma arma e disparou um único tiro na testa de Lo, que estava desarmado.

Colegas do campeão afirmaram que o atirador ainda chutou duas vezes a cabeça de Lo enquanto ele estava caído no chão. Após o crime, Velozo deixou o local e foi primeiro para um prostíbulo e depois para um motel na marginal Pinheiros, acompanhado. Ele se entregou à Corregedoria da PM na mesma noite.

O caso agora aguarda possível recurso do Ministério Público, enquanto a defesa se prepara para defender a manutenção da absolvição.