Torcedoras presas por injúria racial contra menino de 8 anos em Uberlândia
Menino de 8 anos sofre injúria racial em jogo em Uberlândia

Criança de 8 anos é vítima de injúria racial durante partida

Um menino de apenas oito anos foi alvo de injúria racial durante um campeonato de futebol soçaite realizado no domingo (9), na cidade de Uberlândia, localizada no Triângulo Mineiro. Segundo informações contidas no Boletim de Ocorrência da Polícia Militar, a criança ouviu termos como 'macaco feioso' e 'pobre favelado preto' enquanto se preparava para cobrar um pênalti decisivo na partida.

Duas torcedoras são presas em flagrante

As ofensas racistas teriam partido de duas torcedoras que também são mães de atletas do time adversário. A Polícia Militar foi acionada rapidamente e conseguiu prender ambas as suspeitas em flagrante delito. As mulheres, com idades de 31 e 38 anos, foram detidas nas dependências da Vila Olímpica do Uberlândia Esporte Clube (UEC), local onde o jogo estava sendo realizado.

Vídeos que circularam nas redes sociais mostram o momento exato em que as duas mulheres são conduzidas pelos policiais militares. As imagens geraram grande comoção entre os usuários das plataformas digitais.

Ofensas afetaram desempenho da criança

De acordo com o relato da mãe do menino à polícia, as ofensas racistas ocorreram momentos cruciais, logo antes da criança cobrar o pênalti. A situação teria desestabilizado emocionalmente o pequeno atleta, afetando seu desempenho em campo.

Durante as discussões que se seguiram às agressões verbais, um homem, que seria pai de outro jogador do mesmo time, também se tornou alvo de injúria racial. Os insultos incluíram termos como 'macaco preto' e 'pobre da roça', aumentando ainda mais a tensão no local.

Organizações se posicionam contra o racismo

A organização da Copa Uberlândia emitiu uma nota oficial repudiando veementemente o ocorrido. Wallisson Fortunato, responsável pelo torneio, afirmou ao ge Triângulo que a organização não compactua com comportamentos racistas e tomou todas as medidas cabíveis dentro do recinto esportivo.

A escola de futebol Base, pela qual as mulheres torciam, também se manifestou, classificando a atitude como 'inadmissível'. Como forma de protesto e reparação, a instituição decidiu retirar suas duas equipes da disputa final da competição, mesmo estando classificadas para a final ouro.

Já o Uberlândia Esporte Clube esclareceu que apenas alugou o espaço para a realização do evento e não possui qualquer vínculo com a organização da Copa Uberlândia. O clube também reforçou seu repúdio a qualquer forma de intolerância.

Processo judicial e liberdade provisória

As duas mulheres tiveram a prisão em flagrante confirmada pelo delegado de plantão e foram encaminhadas para a Penitenciária Professor Pimenta da Veiga na manhã de segunda-feira (10).

Entretanto, por volta das 11h do mesmo dia, uma decisão judicial concedeu liberdade provisória às acusadas, com base em seus bons antecedentes criminais. Elas aguardam o cumprimento do alvará de soltura e deverão responder ao inquérito policial em liberdade.

No boletim de ocorrência, as mulheres negaram ter cometido injúria racial e alegaram que houve apenas 'discussões de jogo'. Elas justificaram estar revoltadas com o comportamento dos jogadores do time adversário, que estariam, segundo elas, 'batendo muito' nos atletas do Base.