
É de cortar o coração. Enquanto a maioria de nós se preocupa com o preço do pão ou o trânsito das grandes cidades, no sudeste do Pará, uma tragédia silenciosa — e completamente evitável — se desenrola na terra indígena Apyterewa. A coisa tá feia, e feia pra dedéu.
O Ministério Público Federal (MPF), não aguentando mais ver a situação se arrastar, soltou o verbo e entrou com uma ação pedindo providências imediatas. E não é pra menos: estamos falando de crianças desnutridas, falta crônica de assistência médica e um cenário que beira o desumano.
O grito de socorro que ninguém ouviu
Pensa numa situação que já vem de longa data. Desde 2022 — sim, você leu certo, três anos atrás — que a Funai e o Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) sabem do problema. Sabem e... pouco fizeram. A recomendação do MPF, que já vinha alertando sobre isso, simplesmente foi ignorada. Como se vidas indígenas não importassem.
O resultado? Uma crise sanitária de proporções assustadoras. Crianças com desnutrição aguda, sem acesso a tratamento médico decente. Famílias inteiras vulneráveis a doenças que, francamente, já deveriam ter sido erradicadas. É revoltante.
O que o MPF está exigindo
- Acesso à saúde, urgente: A implementação imediata de um plano de enfrentamento da desnutrição, com equipes médicas especializadas na aldeia.
- Comida na mesa: Cestas básicas e suplementos alimentares para combater a fome que assola a comunidade.
- Transporte humanizado: Um plano de remoção de pacientes que garanta dignidade e segurança, não um transporte qualquer como se fosse carga.
- Investigação séria: Apuração de responsabilidades por essa negligência toda.
Não é pedir muito, é? É o mínimo do mínimo. Mas parece que até o básico é uma luta hercúlea quando se trata de populações tradicionais neste país.
Um descaso que envergonha
O mais absurdamente triste é que a terra Apyterewa é homologada e demarcada desde 2007. Teoricamente, deveria ter proteção federal. Na prática, virou terra de ninguém. A falta de fiscalização permitiu até mesmo a invasão de não-indígenas, piorando ainda mais o conflito e a pressão sobre os recursos naturais — que são a base da sobrevivência desse povo.
Sem caça, sem pesca, sem condições de plantar... como é que essa gente vai sobreviver? O MPF foi claro: a União, a Funai e a Sesai precisam agir agora. Não na próxima semana, não no próximo mês. Agora.
Enquanto isso, na aldeia, o sofrimento continua. Crianças definham. Adultos adoecem. E a impressão que fica é que ninguém lá em Brasília está nem aí. Será que precisa morrer alguém — ou vários — para que alguma coisa seja feita? Espero que não. Mas o relógio corre, e a paciência (e a sorte) dessas famílias já se esgotou faz tempo.