
Um cenário de desespero vem sendo registrado em um abrigo para crianças e adolescentes em Maringá, no Paraná. Relatos de fugas, janelas quebradas a pedradas e até menores portando facas acenderam o alerta de especialistas sobre as condições do local.
Grito de socorro invisível
"Estamos diante de um grito de socorro", afirma a psicóloga infantil Dra. Camila Rocha, que acompanha casos do abrigo. "Quando crianças adotam comportamentos extremos como esses, estão sinalizando que o sistema falhou com elas".
Casos preocupantes:
- Pelo menos 5 fugas registradas nos últimos 2 meses
- Janelas quebradas intencionalmente pelos acolhidos
- Relatos de armas brancas encontradas com os menores
- Episódios de automutilação entre adolescentes
Falta de estrutura e superlotação
O abrigo, que deveria acolher no máximo 20 crianças, opera com quase o dobro da capacidade. "São crianças traumatizadas que precisam de atenção individualizada, não de um depósito humano", critica a assistente social Luana Mendes.
Especialistas apontam que a situação em Maringá reflete uma crise nacional no sistema de acolhimento infantil, com:
- Falta de profissionais qualificados
- Estrutura física inadequada
- Processos de adoção morosos
- Orçamento insuficiente
O que diz a prefeitura?
A Secretaria Municipal de Assistência Social informou que está "analisando medidas emergenciais" para o caso, mas não detalhou prazos ou ações concretas. Enquanto isso, as crianças continuam seu protesto silencioso - agora nem tão silencioso assim.
"Esses atos são a linguagem da dor", conclui Dra. Camila. "Quando não conseguem falar, elas agem. E o que estamos vendo são atos desesperados de quem precisa ser ouvido".