Vereador no centro da polêmica: comentário sobre umbanda e vandalismo em cemitério gera investigação policial em São Borja
Vereador investigado por comentário sobre umbanda e vandalismo

A coisa esquentou de vez em São Borja, e não é por causa do clima. A cidade, que já viu nascer figuras históricas como Getúlio Vargas e João Goulart, agora testemunha mais um capítulo polêmico — desta vez envolvendo um vereador e declarações que, convenhamos, deram pano pra manga.

Tudo começou quando alguém — ou alguns — resolveu fazer aquela baderna no Cemitério Parque São Miguel. Destruição de túmulos, pichações, o caos completo. Uma cena de partir o coração de qualquer um que tenha um ente querido descansando por ali.

O estopim: quando as palavras pesam mais que as ações

Eis que surge o vereador Valdir Soares — do Republicanos, para quem quiser saber — soltando uma daquelas frases que a gente sabe que vai dar confusão. Em vez de focar na condenação do vandalismo puro e simples, o homem resolveu fazer uma associação, digamos, bastante específica.

Ele praticamente atrelou os atos de destruição a "práticas umbandistas". Pronto. Era só o que faltava.

O negócio pegou tão mal — e olha que em tempos de redes sociais as coisas pegam fogo rápido — que a Polícia Civil não teve outro caminho senior abrir uma investigação. Agora apuram se o vereador, ao fazer tais declarações, não teria cometido algum crime. O artigo 140, parágrafo 3º do Código Penal, que trata de injúria racial, está na mesa.

E a repercussão? Ah, minha gente...

Não deu outra. A comunidade umbandista da região ficou, com toda a razão, indignada. Imagina só: seu terreiro, sua fé, sua tradição sendo jogada na vala comum do vandalismo sem qualquer prova? É de revirar o estômago mesmo.

Representantes religiosos foram categóricos: associar sua religião a crimes é não só errado como profundamente ofensivo. E cá entre nós, eles têm toda a razão. Num país que se diz laico, ainda vemos esse tipo de preconceito escancarado — e vindo de quem deveria representar toda a população.

O que diz a lei?

A Constituição Federal, aquela que todo político jura defender, é clara: liberdade religiosa é direito fundamental. E o Código Penal não brinca em serviço quando o assunto é injúria racial — que inclui, sim, ofensas baseadas em religião.

O delegado responsável pelo caso, Emerson Dutra, confirmou que o inquérito segue a todo vapor. As declarações do vereador estão sendo analisadas com lupa, e ele já foi notificado para prestar esclarecimentos.

E o vereador? Calou a boca?

Até o momento, Valdir Soares não se manifestou publicamente — pelo menos não de forma oficial. Resta saber se vai tentar se explicar, pedir desculpas ou seguir na defensiva. Uma coisa é certa: o estrago já está feito.

Enquanto isso, em São Borja, a população divide-se entre os que defendem o político (sempre tem, não é?) e os que veem nas declarações um retrocesso lamentável. A cidade, que respira história, agora respira também tensão.

O caso serve como alerta — ou deveria servir. Em 2025, ainda precisamos lembrar que religião não é desculpa para preconceito, muito menos para criminalizar práticas culturais e religiosas ancestrais. O cemitério foi vandalizado, sim. Mas será que as palavras não fizeram um estrago ainda maior?

Fica a reflexão. E a investigação corre solta.