Democratas acusam Trump de usar FBI para intimidação política
Trump usa FBI para intimidar congressistas democratas

Um grupo de congressistas democratas dos Estados Unidos está denunciando o que classificam como uma campanha de intimidação política orquestrada pelo presidente Donald Trump através do FBI. A polêmica surgiu após a divulgação de um vídeo onde os parlamentares pedem às Forças Armadas que rejeitem ordens consideradas inconstitucionais.

O vídeo que irritou a Casa Branca

A senadora Elissa Slotkin, de Michigan, revelou que ela e outros cinco congressistas - todos veteranos das Forças Armadas ou serviços de inteligência - receberam notificações do FBI na segunda-feira, 24 de novembro. Os parlamentares haviam gravado um vídeo onde ressaltam o dever dos militares de recusar determinações manifestamente ilegais, um princípio previsto no Código Uniforme de Justiça Militar.

A reação de Trump foi imediata e contundente. Em suas redes sociais, o presidente classificou os congressistas como "traidores" e acusou o grupo de "sedição", chegando a sugerir que condutas desse tipo seriam "puníveis com a morte". No fim de semana, Trump intensificou o tom, afirmando que os parlamentares "deveriam estar na prisão", para depois recuar e dizer que "não estava ameaçando ninguém".

Retaliação política ou investigação legítima?

Os congressistas envolvidos na polêmica incluem nomes de peso como o senador Mark Kelly - ex-capitão da Marinha e ex-astronauta - e os deputados Chris Deluzio, Maggie Goodlander, Chrissy Houlahan e Jason Crow. Em nota conjunta, o grupo acusou Trump de usar o FBI como "instrumento de intimidação política" e afirmou categoricamente: "Não seremos intimidados. Nosso juramento à Constituição é permanente".

As declarações de Trump receberam críticas de integrantes de ambos os partidos, evidenciando a divisão política que o caso gerou. Enquanto a Casa Branca se mantém em silêncio sobre o assunto, o Departamento de Justiça e o FBI também não se manifestaram oficialmente.

Consequências se espalham por múltiplas agências

A polêmica rapidamente se espalhou para outras esferas do governo americano. A comunidade de inteligência entrou na discussão quando a porta-voz da CIA, Liz Lyons, criticou declarações da senadora Slotkin sobre supostas ordens ilegais sendo transmitidas à agência. Lyons classificou as afirmações como "infundadas e irresponsáveis".

No Pentágono, o secretário de Defesa Pete Hegseth anunciou que a conduta do senador Mark Kelly será analisada por possível violação do Código Uniforme de Justiça Militar. Embora aposentado, Kelly ainda está sujeito à legislação militar e pode, teoricamente, ser convocado a responder perante um tribunal militar.

Hegseth acusou Kelly de usar seu antigo posto militar para dar "aparência de autoridade" ao vídeo e de manchar a imagem das Forças Armadas. Segundo a Reuters, agentes federais solicitaram entrevistas preliminares com os parlamentares para avaliar se houve alguma irregularidade.

O caso reacendeu o debate sobre o "dever de desobedecer" ordens inconstitucionais - um princípio reconhecido desde a Segunda Guerra Mundial para casos de determinações claramente ilegais ou criminosas. Enquanto isso, a tensão entre o Executivo e o Legislativo americano atinge novos patamares em um ano eleitoral crucial para o país.