
Eis que o governador Tarcísio de Freitas resolveu fazer uma piada. Não qualquer piada, mas aquela que você pensa duas vezes antes de contar — principalmente se você é a autoridade máxima de um estado investigando mortes por metanol.
O contexto era sério, dramático até. Coletiva de imprensa, jornalistas atentos, famílias enlutadas esperando respostas. E no meio dessa tempestade perfeita, Tarcísio solta: "Se for para usar cocaína, que use a original".
O silêncio que se seguiu foi mais eloquente que qualquer discurso. Dá pra imaginar, né? Os assessores se entreolhando, os repórteres com aquela expressão de "ele realmente disse isso?".
O peso das palavras
Quando a poeira baixou — e as críticas começaram a chover de todos os lados — o próprio governador reconheceu: a piada não só caiu mal como foi um erro crasso. "Cometi um equívoco", admitiu, sem rodeios. "Foi uma brincadeira infeliz, peço desculpas."
Mas o estrago já estava feito. Em tempos de redes sociais, uma frase dessas voa mais rápido que notícia boa. E o pior: ofusca completamente o assunto principal, que era a investigação das mortes por metanol contaminado.
Quando o humor vira armadilha
Todo mundo já falou algo que se arrependeu depois, isso é humano. A diferença é que quando você é governador, suas palavras pesam toneladas. Cada sílaba é analisada, dissecada, amplificada.
O caso do metanol é trágico — pessoas morreram, famílias destruídas. E numa hora dessas, qualquer piada, por mais bem-intencionada que fosse, soaria como falta de sensibilidade. E esta, especificamente, soou como um desrespeito.
O que me faz pensar: será que nossos políticos ainda não entenderam que o tempo das piadas de mau gosto em assuntos sérios acabou? A população está mais atenta, mais crítica. E com razão.
O aprendizado político
O lado bom — se é que existe um — é que Tarcísio reconheceu o erro rapidamente. Não tentou justificar, não deu rodeios. Assumiu a mancada e pediu desculpas. Algo raro no mundo político, convenhamos.
Mas fica a lição: algumas situações simplesmente não comportam humor. Tragédias, mortes, investigações criminais — aí a seriedade precisa reinar absoluta.
No fim das contas, o caso serve como alerta para todos os que ocupam cargos públicos. Suas palavras ecoam muito além do momento em que são pronunciadas. E o preço de uma piada infeliz pode ser alto demais.
Que fique o aprendizado — para Tarcísio e para a classe política como um todo. O povo merece seriedade, especialmente quando está sofrendo.