Primeira prisão de militares por tentativa de golpe na história do Brasil
O Brasil viveu um dia histórico nesta terça-feira (25) quando, pela primeira vez, militares foram presos por tentativa de golpe de Estado. A decretação do trânsito em julgado das condenações do ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados desencadeou reações políticas acaloradas em Brasília.
Oposição defende anistia e critica Judiciário
Líderes da oposição reagiram imediatamente às prisões, acusando o Judiciário de promover perseguição política. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) anunciou que insistirá para que o Congresso vote uma anistia para seu pai e demais envolvidos.
"Estamos tratando disso há muito tempo e, no nosso entendimento, não dá mais para esperar", declarou o senador, referindo-se ao projeto de lei da Anistia, agora chamado de PL da Dosimetria.
O líder da oposição na Câmara, deputado Zucco (PL-RS), emitiu nota oficial classificando o trânsito em julgado como a "consolidação definitiva de um estado de exceção no Brasil". Ele criticou duramente o ministro do STF Alexandre de Moraes por supostamente ignorar recursos.
O ex-vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos-RS) também defendeu a aprovação de uma anistia para militares e ex-integrantes do governo, lamentando as prisões dos generais Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira.
A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) reforçou o discurso: "Tudo para tirar Bolsonaro do jogo eleitoral, para humilhar nosso líder. A luta por anistia ampla, geral e irrestrita estará mais forte do que nunca".
Governo celebra decisão e rejeita anistia
Do outro lado do espectro político, líderes do governo classificaram as prisões como históricas e rejeitaram qualquer debate sobre anistia.
O líder do governo na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ), afirmou que o dia marca um momento inédito na história brasileira. "É um dia histórico porque pela primeira vez temos condenados por tentativa de golpe", disse, classificando como "loucura" qualquer tentativa de discutir anistia no Congresso.
O ministro da Defesa, José Múcio, declarou que as prisões representam o "encerramento de um ciclo". "Está se encerrando um ciclo onde os CPFs estão sendo responsabilizados e punidos e, pra felicidade do país, as instituições estão todas preservadas", afirmou durante visita ao Congresso.
Múcio revelou que ofereceu à Justiça espaços nas dependências das três Forças Armadas para cumprimento das penas, mas ressaltou: "Decisão judicial temos que aprender a acatar".
No Senado, o líder do governo, Jaques Wagner (PT-BA), minimizou o impacto político da decisão: "Acho que isso já estava precificado. Todo mundo sabia que isso viria". Questionado sobre anistia, disse não ver motivo para pautar o tema.
Marco na história da democracia brasileira
O líder do governo no Congresso Nacional, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), afirmou que o trânsito em julgado representa um marco na história brasileira.
"Hoje é um dia histórico para o país. Depois de uma longa e triste tradição de impunidade para golpistas, pela primeira vez, quem ameaça e tenta derrubar a democracia enfrenta a força da Justiça", declarou.
As prisões ocorrem em meio a um cenário de polarização política no país, com o ex-presidente Jair Bolsonaro cumprindo prisão domiciliar desde 21 de novembro, conforme registro fotográfico que mostra o político na porta de sua casa em Brasília.