Líderes da CPMI do INSS recusam proteção policial
O presidente e o relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS tomaram uma decisão que chamou a atenção no Congresso Nacional. O senador Carlos Viana e o deputado Alfredo Gaspar anunciaram que não pretendem solicitar escolta policial, mesmo após o vice-presidente da comissão, deputado Duarte Jr, ter registrado ameaças.
Ameaças e contexto da decisão
A situação se tornou mais tensa na quarta-feira, 8 de novembro de 2025, quando o deputado Duarte Jr registrou um boletim de ocorrência contra o deputado estadual Edson Araújo. As ameaças ocorreram após a CPMI determinar a prisão de Abraão Lincoln Ferreira, presidente da Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA).
O episódio que desencadeou as ameaças aconteceu durante o depoimento de Abraão Ferreira à comissão. Duarte Jr questionou o sindicalista sobre pagamentos de quase R$ 5 milhões ao deputado Edson Araújo, que é vice-presidente da CBPA. "Alguns desses valores foram depositados em contas de seus assessores nomeados na Assembleia. O senhor acha isso lícito?", questionou o parlamentar.
Diálogo ameaçador e pedido de proteção
No boletim de ocorrência, Duarte Jr anexou cópia de uma mensagem considerada ameaçadora. O deputado estadual Edson Araújo escreveu: "Você é um palhaço, irresponsável e incompetente. Nunca recebi nada de aposentado. Nós ainda vai nos encontrar". Diante da situação, o vice-presidente da CPMI pediu proteção para si e sua família ao presidente da Câmara, Hugo Motta.
O líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante, manifestou publicamente sua preocupação com a segurança dos parlamentares. "Todos nós estamos expostos. Mas ninguém é mais exposto que o presidente e o relator", argumentou o parlamentar durante sessão da comissão.
Decisão de não pedir proteção
Apesar das recomendações de colegas e da evidente situação de risco, Carlos Viana e Alfredo Gaspar mantiveram sua posição de não solicitar reforço na segurança. Os dois agradeceram a preocupação dos demais integrantes da CPMI, mas consideraram desnecessária a escolta policial no momento.
A decisão ocorre em um contexto onde a CPMI do INSS já determinou a prisão de quatro pessoas investigadas pela comissão. Os parlamentares estão atacando interesses de pessoas poderosas, conforme destacou Sóstenes Cavalcante em seu alerta público sobre os riscos que correm.
A postura dos dois principais responsáveis pela comissão demonstra que, apesar das ameaças, pretendem continuar seu trabalho sem medidas especiais de proteção, pelo menos por enquanto.