Governo Lula gastou R$ 345 mil em voo da FAB para buscar ex-primeira-dama peruana
FAB gastou R$ 345 mil para buscar Nadine Heredia no Peru

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou um voo da Força Aérea Brasileira para buscar a ex-primeira-dama peruana Nadine Heredia em Lima, com um custo total de R$ 345.013,56 aos cofres públicos. A operação ocorreu em abril deste ano, após Heredia solicitar asilo diplomático ao Brasil para evitar ser presa no Peru, onde foi condenada a 15 anos de prisão por lavagem de dinheiro.

Detalhes da operação da FAB

No dia 15 de abril de 2025, uma aeronave da FAB decolou de Brasília às 22h45 com destino ao Aeroporto Internacional Jorge Chávez, em Lima. O documento do Ministério da Defesa, divulgado em 14 de novembro, detalha que o custo logístico da operação foi de R$ 318.019,20, enquanto as diárias para tripulantes totalizaram R$ 7.547,62 e as taxas aeroportuárias somaram R$ 19.456,74.

A aeronave utilizada foi um modelo E-135 Shuttle (VC-99C), com matrícula FAB 2560, tripulada por seis militares - três pilotos, um mecânico e dois comissários. O voo fez um pouso técnico em Cuiabá antes de seguir para o Peru, pousando em Lima às 2h45 do dia 16 de abril.

Contexto do caso Nadine Heredia

Nadine Heredia foi primeira-dama do Peru entre 2011 e 2016, durante o governo de seu marido Ollanta Humala. O casal foi condenado a 15 anos de prisão em uma ação relacionada à operação Lava Jato, acusados de receber dinheiro de forma ilícita da construtora brasileira Odebrecht durante a campanha eleitoral de 2011.

Após a prisão de Humala, que se apresentou à Justiça peruana, Heredia buscou refúgio na Embaixada do Brasil em Lima e solicitou asilo diplomático. O governo brasileiro aceitou o pedido, e a ex-primeira-dama chegou a Brasília às 11h40 do dia 16 de abril a bordo do voo da FAB.

Desdobramentos jurídicos e políticos

Recentemente, Nadine Heredia ingressou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para evitar prisão ou extradição. Seus advogados argumentam que as decisões do STF que anularam provas da Lava Jato envolvendo a Odebrecht devem ser estendidas ao seu caso.

O documento do Ministério da Defesa que detalha os custos da operação foi assinado por José Múcio Monteiro Filho, titular da pasta, em 5 de novembro de 2025, às 17h08. A divulgação ocorreu após requerimento de informação feito pelo deputado federal Marcelo Van Hatten (Novo-RS) em outubro.

O caso envolve questões sensíveis de direito internacional e relações diplomáticas entre Brasil e Peru, além de levantar debates sobre o uso de recursos públicos em operações de asilo diplomático. A situação permanece em acompanhamento pelos sistemas judiciários de ambos os países.