
Parece que a poeira da CPI da Covid ainda não baixou completamente. E olha que já se passaram alguns anos desde aqueles dias tensos no Senado. Agora, novos documentos surgem como fantasmas do passado, trazendo à tona questões que muitos achavam já superadas.
O cerne da questão? Ciro Nogueira, que na época ocupava a Casa Civil, e sua relação com o Ministério da Saúde durante o auge da pandemia. Os papéis mostram que ele não apenas acompanhava de perto, como praticamente ditava o ritmo das coisas por lá.
O que revelam os documentos?
Os tais ofícios trocados entre a Controladoria-Geral da União e o próprio Ciro são mais reveladores do que se imaginava. Eles mostram um fluxo constante de informações - praticamente um vai e vem diário entre os órgãos. Não era algo esporádico, mas sim uma rotina bem estabelecida.
O que me chamou atenção foi a quantidade de vezes que o Ministério da Saúde precisou se explicar para a CGU através do ministro. Parece que havia uma vigilância constante sobre as ações da pasta. E não era qualquer vigilância - era do tipo que exige respostas imediatas.
As contradições que persistem
Aqui mora o grande problema. Durante a CPI, Ciro garantiu aos parlamentares que sua atuação era basicamente de coordenação, quase que burocrática. Mas os documentos contam outra história - uma história de envolvimento direto, quase íntimo, com as decisões do Ministério da Saúde.
Não é à toa que os investigadores da CPI ficaram com a pulga atrás da orelha. Como alguém que coordenava tantas ações poderia alegar desconhecimento sobre aspectos fundamentais? A matemática simplesmente não fecha.
E pensar que tudo isso acontecia enquanto o país vivia seus dias mais sombrios da pandemia. Enquanto as pessoas perdiam entes queridos, nos bastidores do poder rolavam essas manobras que, francamente, cheiram mal até hoje.
O que isso significa agora?
Bom, se você acha que isso é água passada, pode ser que se engane. Esses novos documentos têm potencial para reabrir feridas que nunca cicatrizaram completamente. A oposição já está de olho, é claro.
O mais irônico? Tudo isso vem à tona justamente quando Ciro Nogueira tenta se recolocar no cenário político. Coincidência? Difícil acreditar. Na política brasileira, como se sabe, coincidências são artigo raro.
O que me preocupa é que ainda há muitas perguntas sem resposta. Quantas outras revelações estão por vir? Quantos outros documentos podem emergir dos arquivos? A sensação é de que estamos apenas arranhando a superfície de algo muito mais profundo.
Enquanto isso, a população fica com aquela velha e desagradável sensação de que nem sempre nos contam a história completa. E na pandemia, quando cada decisão significava vidas salvas ou perdidas, essa falta de transparência pesa ainda mais.