O cenário político brasileiro vive um momento histórico com a condenação definitiva do ex-presidente Jair Bolsonaro a 25 anos de prisão. A sentença, oficializada na terça-feira (25 de novembro de 2025), marca o início de um novo ciclo para a direita nacional, que agora busca se reinventar sem sua principal liderança.
Os detalhes da condenação
Jair Bolsonaro deverá cumprir 25 anos de reclusão em regime fechado, com acréscimo de dois anos e três meses em detenção. Se nada mudar judicialmente, o ex-presidente permanecerá encarcerado até novembro de 2050, quando estará com 95 anos de idade.
A punição política supera a penalidade carcerária. Bolsonaro já estava inelegível até 2030, mas agora está expulso do jogo eleitoral até a eleição de 2060. Trata-se de uma sentença que praticamente cobre toda sua expectativa de vida, já que em 2060 ele completaria 105 anos.
O contexto político e histórico
A prisão definitiva de Bolsonaro e de seus aliados civis e militares na tentativa frustrada de golpe de estado sugere o epílogo de um ciclo político significativo no Brasil. O general Augusto Heleno Pereira, antigo chefe do Gabinete de Segurança Institucional e associado na tentativa de golpe, foi condenado a 26 anos - sempre nove anos mais jovem que Bolsonaro.
Segundo o historiador Carlos Fico, o Brasil registrou 15 movimentos de intervenção militar nos últimos 120 anos de vida republicana. Seis tentativas foram frustradas, e o Congresso frequentemente abençoou os golpistas com decretos legislativos de anistia. O último ocorreu em 15 de dezembro de 1961, no governo João Goulart.
O novo capítulo da direita brasileira
Os partidos de centro-direita agora enfrentam o desafio de se reinventar sem Bolsonaro e mantendo distância dos grupos de extrema-direita abrigados no Partido Liberal. O objetivo claro é garantir poder de competição nas eleições do próximo ano.
Juízes do Supremo Tribunal Federal lembram que o mundo mudou e consideram a anistia a golpistas como matéria vencida pela Constituição de 1988. A Carta Magna teria liquidado com a possibilidade de perdão a tentativas de golpe contra o regime democrático.
Um dado irônico destacado pela condenação: Bolsonaro é o primeiro condenado pela própria caneta. Ele sancionou em 2021 a legislação específica sobre "crimes contra o Estado Democrático de Direito", aprovada pelo Congresso, que agora serve de base para sua condenação.
Embora o cenário sem Bolsonaro já seja uma realidade, o histórico das crises políticas brasileiras recomenda prudência nos prognósticos sobre o futuro dos encarcerados por crimes contra a Constituição. O país inicia uma nova era, mas as lições do passado continuam relevantes para compreender os desdobramentos futuros.