Traficante presa no RJ fazia ponte do Comando Vermelho com facção do Pará, revela investigação
Traficante presa fazia ponte do CV com facção do Pará

Ela parecia mais uma moradora comum da Zona Oeste do Rio, mas nas sombras, articulava algo muito diferente. Aos 32 anos, essa mulher se tornou uma das engrenagens mais importantes na conexão entre duas das maiores organizações criminosas do país. A polícia descobriu que ela atuava como verdadeira ponte aérea — mas para o crime.

Não era trabalho simples, convenhamos. Coordenar o fluxo de drogas e armas entre o Comando Vermelho, que domina boa parte do Rio, e uma facção rival no Pará exige nervos de aço e contatos em lugares que ninguém gostaria de frequentar. E ela fazia isso com uma naturalidade que surpreendeu até os investigadores mais experientes.

Operação fecha cerco sobre esquema interestadual

A prisão aconteceu durante a Operação Sinapse, que soa até poético quando você pensa na complexidade das conexões que estavam sendo desmontadas. A deflagração ocorreu na última segunda-feira, mas a investigação vinha sendo costurada há meses — um trabalho de formiga que reuniu provas suficientes para derrubar o castelo de cartas.

Os agentes chegaram cedo no condomínio onde ela morava, em Campo Grande. A surpresa foi completa. Dentro do apartamento, encontraram não apenas documentos que comprovavam suas atividades, mas também anotações meticulosas sobre entregas, códigos de comunicação e — pasmem — até um planejamento financeiro do esquema.

Parece coisa de filme, mas é a realidade do crime organizado no Brasil: cada vez mais sofisticado, cada vez mais conectado.

Punição severa à vista

Agora a situação para a traficante é complicada, para dizer o mínimo. Ela responde por associação ao tráfico — e olha, não é qualquer associação, mas uma daquelas que pega mal até para os colegas de cela. A promotoria já adiantou que vai pedir a prisão preventiva, argumentando o risco claro de ela continuar coordenando atividades criminosas mesmo atrás das grades.

O juiz Rafael de Almeida Pacheco, da 1ª Vara Criminal de Campo Grande, não parece ter muita paciência para esse tipo de caso. Em decisões anteriores, já mostrou que leva muito a sério a atuação de pessoas que fazem essa ligação entre facções — o que, convenhamos, só aumenta a violência em todas as pontas.

Enquanto isso, nas comunidades onde essas organizações atuam, a vida segue difícil. Os moradores — esses sim, pessoas comuns tentando sobreviver — ficam no fogo cruzado de disputas que nem entendem direito. E enquanto o crime se organiza como empresa multinacional, quem paga o pato é sempre o mesmo: o cidadão que só quer viver em paz.