
Não era um negócio qualquer. Por trás das cortinas de estabelecimentos discretos em Campinas, uma rede sinistra tecia seus fios — misturando intimidação, dinheiro sujo e corpos explorados. A polícia desvendou agora um esquema que, segundo investigações, movimentou mais de R$ 1,2 milhão em extorsões.
O modus operandi? Cruelmente eficiente. Membros da quadrilha recrutavam garotas de programa — algumas, talvez, sem nem entender o jogo — para ajudar a identificar vítimas. Depois, chegavam as ameaças: "Se não pagar, sabe o que acontece", ecoava em ligações anônimas. Alguns alvos eram donos de casas de prostituição; outros, apenas pessoas com algum segredo a esconder.
O que a polícia descobriu
- Operação durou 8 meses, com escutas e vigilância
- Pelo menos 15 vítimas identificadas — e o número pode subir
- Dinheiro lavado através de negócios fantasmas, incluindo uma loja de roupas
"Eles tinham um roteiro", confidencia um delegado que pediu anonimato. "Usavam informações íntimas como moeda de troca. E quando o medo não bastava, partiam para a violência física."
Três suspeitos já estão atrás das grades. Dois deles, curiosamente, tinham passagem por crimes financeiros — nada que chegasse aos pés desse esquema. O terceiro? Um ex-segurança de boate que, segundo colegas, "sempre soube onde pisar".
O lado humano (ou a falta dele)
O que mais choca não são os números. É a frieza. Uma testemunha relata ter ouvido risadas ao telefone enquanto negociavam valores. "Parecia um leilão macabro", desabafa.
Enquanto isso, as garotas recrutadas — muitas em situação vulnerável — agora enfrentam um dilema: colaborar com a justiça ou temer represálias. Afinal, nesse submundo, promessas são tão frágeis quanto contratos verbais.