
O governo federal está prestes a sacar uma carta pesada na luta contra o crime organizado. E digo pesada mesmo — estamos falando de até 20 anos de cadeia para quem for enquadrado na nova figura da "organização criminosa qualificada".
O pacote, que deve ser enviado ao Congresso ainda esta semana, é uma daquelas jogadas que podem mudar completamente o tabuleiro do sistema penal brasileiro. Não é pouca coisa.
O que muda na prática?
Atualmente, a lei já pune a associação criminosa, mas com penas bem mais brandas — de 3 a 8 anos. A nova proposta cria uma categoria mais grave, reservada para organizações que:
- Operem em três ou mais estados brasileiros (ou seja, tenham capilaridade nacional)
- Lavem dinheiro em grande escala — estamos falando de quantias que fariam qualquer um ficar tonto
- Usem armas de guerra como se fossem balas de festim
- Infiltrem instituições públicas como se fossem água rolando entre os dedos
E aqui vem o pulo do gato: a pena sobe para 8 a 20 anos de reclusão. Sim, você leu direito — vinte anos. É tempo suficiente para ver uma criança nascer e entrar na faculdade.
Por que agora?
Ricardo Lewandowski, o ministro da Justiça, não está brincando de serviço. Ele mesmo admitiu que a medida é uma resposta direta à "complexificação" do crime organizado no Brasil. E quem acompanha as notícias sabe que ele tem razão.
As facções não são mais grupos de bairro — são empresas multinacionais do mal, com escritórios virtuais, contabilidade sofisticada e até departamento de RH. Sério mesmo.
O pacote também inclui outras medidas, como:
- Criação de um sistema nacional de inteligência contra o crime organizado (algo que já deveria existir há décadas, convenhamos)
- Tipificação específica do crime de milícia — finalmente!
- Regras mais duras para lavagem de dinheiro
E o Congresso, vai comprar a ideia?
Essa é a pergunta de um milhão de dólares. Lewandowski parece confiante e já adiantou que conversou com líderes partidários. Mas todo mundo sabe que o caminho legislativo é uma verdadeira via crucis — cheio de obstáculos, emendas e negociatas.
Alguns especialistas já levantam dúvidas: será que penas mais longas realmente assustam quem já vive fora da lei? Ou precisamos é de investigação inteligente e perseguir o dinheiro sujo?
Uma coisa é certa: o debate promete esquentar os corredores de Brasília. E não vai ser pouco.
Enquanto isso, nas quebradas do país, o crime organizado continua fazendo suas contas — literalmente. Resta saber se essa nova matemática penal vai fechar seus números.