
O Mato Grosso acordou nesta segunda-feira com uma daquelas operações que mostram como a guerra contra o crime organizado está longe de ser simples. Sete pessoas foram detidas — e olha que o cenário não foi nas ruas, mas dentro de um presídio. Sim, você leu direito: dentro da cadeia.
A Polícia Judiciária Civil não mediu esforços. Executaram nada menos que 14 mandados de busca e apreensão e mais 7 de prisão preventiva. Tudo isso antes do sol nascer, entre as 5h e 7h da manhã. A estratégia? Ataque direto ao coração do problema.
Dentro das grades
O alvo principal era a facção criminosa Comando Vermelho, que vinha operando com uma ousadia impressionante de dentro do Presídio Major Eldo de Sá Correa, em Rondonópolis. A 218 km de Cuiabá, a cidade se tornou epicentro de uma investigação minuciosa que durou seis longos meses.
Os investigadores descobriram algo que, francamente, não surpreende mais ninguém: os presos mantinham celulares escondidos e coordenavam crimes lá fora sem sair de suas celas. Roubos, tráfico, ameaças — o pacote completo do crime organizado sendo gerenciado com a facilidade de um aplicativo de delivery.
As provas
Durante as buscas, a polícia apreendeu:
- 13 aparelhos celulares
- 4 chips de operadoras
- 2 carregadores
- R$ 1.090 em espécie
- Diversas anotações com ordens criminosas
Parece pouco? Talvez. Mas o verdadeiro valor estava nas conversas — mensagens que mostravam a rotina operacional da facção, com direito a planejamento de crimes e até ajustes de contas entre membros.
O que isso significa?
Essa operação vai além das prisões em si. Ela revela uma mudança de paradigma no combate ao crime. Enquanto muitos pensam em operações espetaculosas nas ruas, a verdadeira batalha está sendo travada dentro dos presídios, onde o crime se reorganiza e se fortalece.
O delegado Geraldo Fidelis, que coordenou a ação, foi direto ao ponto: "Estamos cortando a cabeça da serpente pela segunda vez". A referência é a uma operação anterior, em março, que já havia desarticulado parte da mesma organização.
Resta saber se essas ações pontuais serão suficientes para conter um problema que, vamos combinar, parece ter raízes mais profundas do que imaginamos. O certo é que, por hoje, a população de Rondonópolis pode respirar um pouco mais aliviada.