Operação Mira: PF desmantela quadrilha milionária que fraudava financiamentos de carros no Rio
Operação Mira: PF prende 22 por fraude em financiamentos de carros

Parece que a criatividade do crime não tem limites — e dessa vez o alvo eram os financiamentos de carros. A Polícia Federal acaba de desencadear a Operação Mira, uma investida certeira contra uma organização criminosa especializada em fraudes veiculares no Rio de Janeiro. A coisa era grande, bem organizada e, pasmem, rendia milhões.

Nesta quarta-feira (21), mais de cem policiais federais executaram 22 mandados de prisão preventiva e outros 36 de busca e apreensão. Não foi pouco não. A operação se espalhou por 15 cidades do estado, com focos principais na capital, Duque de Caxias e São Gonçalo.

Como o esquema funcionava? A artimanha era complexa

Os investigadores detalham que a quadrilha agia de forma meticulosa. Eles se passavam por pessoas físicas — muitas vezes usando dados de terceiros sem autorização — e simulavam a compra de veículos zero quilômetro. Só que o carro, claro, nem existia. Era tudo falso: documentação, propostas, até mesmo a negociação com as financeiras.

Os valores dos financiamentos fraudados variavam bastante, mas a maioria girava em torno de R$ 200 mil. Imagina só: um golpe atrás do outro, cada um nessa faixa. O prejuízo total? Estima-se que ultrapasse R$ 50 milhões. É dinheiro pra caramba, saindo do bolso de instituições financeiras e, indiretamente, da economia.

Não era amadorismo. Era empresa — do crime

O que mais chama atenção é o nível de profissionalismo. A organização não era um bando de oportunistas. Tinha divisão de tarefas, gente especializada em falsificar documentos, outros em negociar com as financeiras, e até um setor de «atendimento ao cliente» para manter a farsa enquanto o crédito era liberado. Parecia mesmo uma empresa, só que ilegal.

«Eles dominavam o processo de financiamento como se fossem experts do mercado», contou um delegado envolvido na operação, que preferiu não se identificar. «Sabiam cada detalhe, cada etapa, cada brecha.»

E as brechas eram exploradas ao máximo. Eles identificavam falhas em sistemas de análise de crédito e as usavam sem dó. Às vezes, usavam CPFs de pessoas reais — sem que elas soubessem — para dar aparência de legitimidade. Em outros casos, criavam identidades falsas do zero.

As investigações começaram há tempos

Tudo isso não veio à tona do nada. A PF trabalha no caso desde o ano passado, após receber várias denúncias de financeiras que desconfiaram de operações irregulares. A queixa era sempre a mesma: o suposto comprador some depois que o dinheiro cai, e o carro nunca é entregue — porque nunca foi comprado.

Com o tempo, os padrões se repetiram. Vários financiamentos suspeitos tinham características em comum: valores similares, modelos de carro parecidos, e até mesmas agências envolvidas. Aí veio a quebra-de-cabeça: era tudo obra do mesmo grupo.

Além das prisões, os agentes apreenderam computadores, celulares, documentos e uma quantia significativa em dinheiro vivo. Tudo isso vai servir para desvendar ainda mais o esquema e, quem sabe, chegar a outros envolvidos.

O que esperar agora? Os presos serão encaminhados para audiências de custódia e responderão por crimes de estelionato, falsificação de documentos, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. A tendência é que as penas sejam pesadas — afinal, o estrago financeiro foi enorme.

E fica o alerta: se você estava pensando em financiar um carro, fique atento a propostas milagrosas ou desvios no processo. Às vezes, o barato sai caro — e não só pra você.