MP denuncia 17 líderes do PCC por tráfico em Roraima; faturamento foi de R$ 414 mil
MP denuncia 17 líderes do PCC por tráfico em Roraima

O Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR) apresentou denúncia contra 17 pessoas identificadas como lideranças do Primeiro Comando da Capital (PCC). Elas são acusadas de comandar uma rede estruturada de tráfico de drogas no estado, que movimentou cerca de R$ 414 mil em apenas quatro meses.

Operação desmantela estrutura do crime organizado

A denúncia, assinada pelo promotor Carlos Alberto Melotto e entregue à Vara de Tóxicos de Boa Vista, é resultado da Operação Sucursal da Polícia Federal, realizada em outubro. Os investigados foram presos durante a ação. Um dos pontos centrais do caso é a prisão de Rodrigo Alberto Xavier, conhecido como "Sorriso Maroto", de 37 anos, ocorrida em maio pela Polícia Civil.

Segundo as investigações, ele teria sido enviado de São Paulo especificamente para reorganizar as atividades da facção em Roraima. Sua prisão é considerada o ponto de partida para a maior operação contra facções criminosas já deflagrada pela Polícia Civil no estado.

Códigos, vídeos e hierarquia rígida

A análise de dados de um celular apreendido foi crucial para mapear a cadeia hierárquica da facção em Roraima. O suspeito em questão foi preso com 14 aparelhos que seriam distribuídos aos gerentes do tráfico. O Ministério Público detalha que os acusados tinham funções bem definidas, utilizavam códigos para identificar os entorpecentes e prestavam contas através de vídeos enviados aos superiores.

As drogas eram comercializadas sob os seguintes codinomes:

  • "CLARO": pasta base de cocaína
  • "PEIXE": cocaína
  • "VIVO": maconha prensada
  • "OI": skunk (maconha de alta potência)

"Dessa forma, os gerentes possuíam divisão de tarefas e disciplina rigorosa, com o objetivo de manter a disponibilidade constante de drogas e maximizar o lucro da facção", afirma trecho da denúncia.

As "lojinhas" do PCC e seus "faturamentos"

A denúncia revela que o PCC mantinha uma célula em Roraima ligada a um setor nacional chamado "FM – Progresso". Cada ponto de venda, chamado de "lojinha", operava com um nome específico, semelhante ao varejo legal. Os gerentes gravavam vídeos exibindo as drogas, balanças de precisão e o dinheiro arrecadado, realizando auditorias manuais do controle financeiro.

Entre os denunciados, além de "Sorriso Maroto", destaca-se sua namorada, uma mulher de 33 anos conhecida como "Kauany". Ela seria a líder do setor "Geral do Estado da Feminina" do PCC e responsável por uma das principais bocas de fumo, a "Rosinha", que teria arrecadado R$ 36 mil.

Com base nos vídeos apreendidos, o MP conseguiu identificar o faturamento parcial de diversas "lojas" no período investigado. Confira alguns valores citados na denúncia:

  • Esperança: R$ 23,1 mil
  • Hello Kit: R$ 27 mil
  • Tem de Tudo: R$ 30,5 mil
  • Império: R$ 28,2 mil
  • Cemitério: R$ 32,4 mil
  • Las Vegas: R$ 13,2 mil

O documento ressalta que os vídeos representam apenas uma fração do movimento total. A divisão dos lucros seguia um padrão: cerca de 25% a 30% ficavam com os gerentes locais, enquanto o restante era enviado para a cúpula da facção em São Paulo.

O PCC, facção criminosa originária do sistema prisional paulista na década de 1990, é considerada a maior organização do crime do Brasil, com atuação em diversos estados e até mesmo em outros países, controlando rotas de tráfico de drogas e armas.