
Era um esquema tão bem armado que parecia peça de cinema — mas o prejuízo, infelizmente, era bem real para dezenas de condôminos em Cuiabá. Nesta terça-feira (8), a Polícia Civil de Mato Grosso prendeu em flagrante o homem apontado como cérebro por trás de uma série de fraudes que lesavam condomínios residenciais e comerciais.
O golpe, segundo as investigações, tinha uma simplicidade quase assustadora. A organização — porque era mesmo uma organização — se passava por empresa de prestação de serviços. Apresentava orçamentos, fechava contratos e, claro, recebia adiantamentos. Só que os serviços? Esses nunca saíam do papel. Sumiam com o dinheiro e deixavam os síndicos com a corda no pescoço.
Como o golpe funcionava na prática
Imagina a cena: você é síndico de um prédio com problemas no sistema hidráulico. Aparece uma empresa, toda certinha, com CNPJ, proposta detalhada, prazo de execução. Tudo nos conformes, aparentemente. Eles pedem 30% de entrada — algo comum no mercado — e você paga, aliviado por resolver o problema.
E é aí que começa o calvário. Os dias passam, a obra não anda, o telefone para de atender. Quando você percebe, já era. O dinheiro sumiu e o problema continua lá, intacto.
Parece familiar? Pois é exatamente o que aconteceu com várias administrações condominiais na capital mato-grossense. A polícia estima que o prejuízo total seja na casa dos milhões — um rombo que, no fim das contas, sai direto do bolso de cada morador.
A queda do suposto chefe
A prisão aconteceu durante a Operação Caliope, desencadeada pela Delegacia Especializada de Defraudações e Falsificações. Os policiais cumpriram mandado de busca e apreensão no Jardim Itália, zona Leste de Cuiabá, e lá estava ele: o suposto mandante do esquema, pego com documentos e equipamentos que seriam usados nas fraudes.
O que mais impressiona nessa história toda é a cara de pau. A mesma pessoa, usando empresas diferentes — todas fantasmas, é claro — aplicava o golpe repetidamente. Mudava o nome, mudava o CNPJ, mas a tática era sempre a mesma: oferecer, receber e desaparecer.
E sabe qual é a pior parte? Muitos condomínios caíam na lábia porque os valores cobrados eram ligeiramente abaixo do mercado. Aí é aquela história: o barato que sai caro, muito caro.
Lição para síndicos e moradores
Depois de uma encrenca dessas, a pergunta que fica é: como se proteger? A polícia dá algumas dicas básicas mas essenciais:
- Verificar minuciosamente a idoneidade da empresa — e não apenas pelo CNPJ
- Exigir referências concretas de trabalhos anteriores
- Desconfiar de propostas significativamente mais baratas que a média
- Evitar pagamentos adiantados substanciais sem garantias reais
No fim das contas, a operação mostra uma verdade incômoda: enquanto alguns trabalham duro para pagar as contas do condomínio, outros trabalham duro para inventar novas maneiras de se apropriar desse dinheiro. A boa notícia é que, pelo menos por enquanto, a justiça está funcionando.
O preso agora responde por estelionato e associação criminosa. E os condomínios lesados? Bem, esses ficam com a lição aprendida — ainda que da maneira mais dura possível.