Empresário preso após cortar tornozeleira: 3 acusados de tráfico e lavagem
Empresário preso após cortar tornozeleira eletrônica

Empresário é preso na casa da namorada após cortar tornozeleira eletrônica

O empresário Johnnes Lisboa foi preso na manhã desta sexta-feira (7) na residência de sua namorada em Rio Branco. A prisão ocorreu após ele não comparecer voluntariamente à Polícia Federal, conforme determinado pela Justiça do Acre.

Liberdade revogada para três acusados

A Justiça do Acre havia revogado na quinta-feira (6) a liberdade de três empresários: Johnnes Lisboa, Douglas Henrique da Cruz e André Borges. Eles respondem por acusações de tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Enquanto Douglas e André se apresentaram espontaneamente na quinta-feira e foram encaminhados para o presídio, Johnnes tomou um caminho diferente. Ele cortou sua tornozeleira eletrônica e não foi localizado pelos policiais no dia anterior à sua prisão.

Versão da defesa contradiz autoridades

A advogada Daiane Carolina Dias de Sousa Ferreira, que defende os empresários, apresentou uma versão diferente dos fatos. Ela negou que Johnnes estivesse foragido e explicou que o empresário sofreu crises gástricas devido a gastrite após saber que precisaria retornar ao presídio.

Segundo a defesa, havia um compromisso formal para que Johnnes se entregasse às 8h da sexta-feira. No entanto, por volta das 5h da manhã, uma equipe policial foi até o endereço de um familiar e efetuou a prisão.

"Já havia sido informado o compromisso de apresentação voluntária", afirmou a advogada, destacando que seu cliente atendeu os policiais sem resistência e não tentou fugir.

Operação Inceptio investiga grupo criminoso

Os três empresários estavam em liberdade com monitoramento eletrônico desde setembro, quando foram presos preventivamente durante a Operação Inceptio. A investigação da Polícia Federal apura tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e organização criminosa em seis estados brasileiros.

Além dos três presos nesta sexta, outros dois integrantes do grupo continuam detidos desde setembro: John Muller Lisboa e Mayon Ricary Lisboa.

A Justiça determinou o bloqueio de mais de R$ 130 milhões em contas bancárias do grupo investigado, além da apreensão de bens avaliados em aproximadamente R$ 10 milhões.

Empresas envolvidas em eventos importantes

Os irmãos Lisboa e seu primo Douglas são proprietários de várias empresas que organizam e promovem eventos no Acre. Duas empresas de Douglas foram responsáveis pela venda de camarotes privados e contratação de artistas para a Expoacre Rio Branco 2025.

Johnnes Lisboa atuava como diretor geral da Inove Eventos, empresa que havia anunciado a vinda do DJ Alok para Rio Branco. O show foi cancelado uma semana após as prisões dos suspeitos.

Outro envolvido, John Muller Lisboa, ocupava cargo comissionado na Secretaria de Indústria, Ciência e Tecnologia com salário superior a R$ 6 mil. Ele foi exonerado no dia seguinte à sua prisão em setembro.

Esquema criminoso atuava desde 2019

De acordo com o delegado André Barbosa, da Delegacia de Repreensão a Entorpecentes da PF-AC, o grupo criminoso atua no Acre desde 2019. A investigação começou durante o apuramento de outros crimes.

"Identificamos que tinha um grupo de narcotraficantes que revendia drogas para os estados do Nordeste e Sudeste e para internalizar o dinheiro, utilizava diversas pessoas físicas e jurídicas para lavar dinheiro", explicou o delegado.

O dinheiro do tráfico era movimentado através de contas bancárias, criptomoedas e empresas de fachada, caracterizando um sofisticado esquema de lavagem de capitais.