
O caso Americanas ganhou contornos ainda mais dramáticos esta semana. E olha que já tínhamos visto de tudo um pouco nessa novela que não acaba mais. Um ex-diretor da empresa — cujo nome permanece sob sigilo — decidiu colaborar com a Justiça e está contando, fio a fio, como operava essa teia de irregularidades que deixou o mercado atônito.
Não foi algo simples, um deslize aqui ou ali. O que emerge dos depoimentos é um sistema organizado, quase uma engrenagem bem oleada para burlar controles. O tal ex-diretor não poupou detalhes — descreveu reuniões específicas, trocas de mensagens que você não acreditaria e até a hierarquia que validava as manobras. Parece roteiro de filme, mas é a pura realidade.
Os Bastidores do Esquema
O colaborador afirmou, sem rodeios, que as distorções contábeis não eram obra de um ou dois funcionários descontentes. Havia uma cadeia de comando — e isso é assustador. Pessoas em posições de liderança estariam cientes e, pior, às vezes endossavam as práticas. A pergunta que fica é: até que ponto a cultura corporativa permitiu que isso acontecesse?
Detalhe curioso: segundo ele, nem todos os executivos tinham o mesmo nível de informação. Alguns recebiam versões "editadas" dos fatos, enquanto outros — um grupo mais restrito — conheciam os meandros mais obscuros. Uma verdadeira cortina de fumaça institucionalizada.
O Papel da Liderança
Aqui a coisa fica ainda mais espinhosa. O ex-diretor mencionou que a atual cúpula, incluindo o CEO Sergio Rial, teria sido alertada sobre inconsistências logo nos primeiros dias no cargo. Imagina a cena: você assume uma empresa gigantesca e descobre que os alicerces estão minados. O que fazer?
Pois é. Segundo o delator, a reação não foi das mais transparentes. Houve, sim, uma movimentação para entender a extensão do problema, mas — e esse "mas" é enorme — as ações corretivas talvez não tenham sido tão ágeis quanto deveriam. Fica aquele gosto amargo de "poderia ter sido diferente".
As Consequências e o Futuro
Enquanto isso, nos tribunais, a batalha jurídica esquenta. A Americanas tenta se reerguer, mas leva cada vez mais golpes. A credibilidade — aquilo que leva anos para construir e segundos para perder — está seriamente abalada.
Os investidores, claro, estão furiosos. Muitos se sentiram traídos por uma empresa que consideravam sólida. E não é para menos. O prejuízo bilionário afetou desde grandes fundos até pequenos acionistas que tinham suas economias aplicadas nas ações da LAME4.
O que esperar agora? Bom, com delações assim, é provável que novos nomes surjam — e outros talvez caiam. O processo está longe de terminar, e cada revelação joga mais lença nessa fogueira. Resta saber quantos ainda vão queimar os dedos antes que a verdade completa venha à tona.
Uma coisa é certa: o caso Americanas vai deixar marcas profundas no corporate Brazil. E serve de alerta para quantos ainda acreditam que números podem ser maquiados impunemente. No final, a conta sempre chega — e com juros altíssimos.