Os advogados dos investigados na Operação Sinete, deflagrada na última semana em Feira de Santana, realizaram uma coletiva de imprensa nesta terça-feira (2) para negar as acusações de crimes como fraudes documentais, grilagem de terras e lavagem de capitais. O empresário e ex-presidente da Câmara Municipal, Oyama Figueiredo, de 76 anos, e outros três integrantes de sua família estão entre os alvos.
Defesa alega inocência e questiona provas
Durante a coletiva, os advogados Marco Aurélio Andrade Gomes e Yuri Carneiro, responsáveis pela defesa de Oyama, Luanda Cajado de Figueiredo Carvalho, Lívia Cajado de Figueiredo Cosmo e Pedro Henrique dos Reis de Figueiredo, afirmaram que seus clientes não cometeram nenhuma ilegalidade. Eles destacaram que os investigados estão abalados com as prisões temporárias.
Marco Aurélio Andrade ressaltou a idade e os problemas de saúde de Oyama Figueiredo, apresentando relatórios médicos. "Eles dizem que não são responsáveis por nenhuma das situações apontadas e não há ilicitude praticada por eles", afirmou o advogado. Questionado sobre Oyama ser apontado como líder do grupo, ele argumentou que o ônus da prova cabe às autoridades acusadoras.
Operação Sinete: prisões e apreensões milionárias
A operação policial, que investiga uma suposta rede criminosa atuante em Feira de Santana e cidades vizinhas, resultou na prisão de sete pessoas e no cumprimento de 47 mandados de busca e apreensão. Entre os bens apreendidos estão 12 carros de luxo, duas motocicletas, dinheiro em espécie, joias e diversos documentos.
A Justiça também determinou o sequestro judicial de valores e bens, com bloqueio autorizado de até R$ 6 milhões por CPF e R$ 60 milhões por CNPJ dos investigados. A defesa considerou "exagerado" o bloqueio total, que pode ultrapassar R$ 66 milhões.
Prisões temporárias foram prorrogadas
No dia 30 de novembro, a Justiça da Bahia prorrogou por mais cinco dias as prisões temporárias dos sete suspeitos. A decisão, da juíza Sebastiana Costa Bomfim, da 2ª Vara Criminal, considerou a medida essencial para evitar riscos à investigação, como a destruição de provas.
Os advogados de defesa discordam dessa tese. Yuri Carneiro argumentou que todos os itens que poderiam guardar informações, como celulares e notebooks, já estão sob custódia das autoridades, eliminando o risco alegado. Ele também informou que as prisões têm causado transtornos à saúde dos investigados, que fazem uso de medicamentos específicos.
Esquema de falsificação e manipulação de documentos
Segundo a Polícia Civil, por meio do Departamento de Repressão e Combate à Corrupção (Draco), a investigação aponta que Oyama Figueiredo e outros investigados participavam de uma rede que atuava falsificando e manipulando documentos públicos e judiciais para a apropriação clandestina de propriedades.
O esquema supostamente envolvia servidores de cartórios, empresários, advogados, corretores e agentes de segurança pública. Em alguns casos, teria havido emprego de coação, violência e porte irregular de arma de fogo. As investigações avançaram com base em interceptações telefônicas autorizadas, análises financeiras e diligências de campo.
A defesa, no entanto, contesta as bases das acusações. O advogado Yuri Carneiro afirmou que parte das suspeitas se baseia em "mal-entendidos" sobre elementos antigos, de 2013 e 2015, e que as interceptações de 2025 não demonstrariam nenhuma atividade ilícita.
Os próximos passos, segundo a defesa, são aguardar o andamento do inquérito e lutar para que os investigados respondam ao processo em liberdade. As investigações da Operação Sinete continuam para delimitar responsabilidades e identificar possíveis novos envolvidos.