A Polícia Civil de São Paulo concluiu a primeira fase das investigações sobre o assassinato do ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes, ocorrido há dois meses em Praia Grande, no litoral paulista. Doze pessoas foram indiciadas pela participação no crime que chocou o estado.
Detalhes do crime e envolvidos
Entre os doze indiciados, sete são investigados por participação direta no ataque que vitimou o ex-delegado, enquanto outros cinco são apontados como auxiliares na fuga e logística do crime. Dez suspeitos já estão presos, dois permanecem foragidos e um foi morto durante tentativa de cumprimento de mandado de prisão em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba.
O suspeito morto foi identificado como Umberto Alberto Gomes, de 39 anos, apontado como um dos atiradores que teriam atacado o carro de Ferraz Fontes. Outro envolvido direto no crime seria Paulo Henrique Caetano Sales, conhecido como "PH", preso por ser proprietário de um imóvel usado pelos criminosos.
Segundo as investigações, Luiz Antônio Rodrigues de Miranda seria o motorista do carro usado na emboscada, enquanto Marcos Augusto Rodrigues Cardoso, o "Fiel", ocupava outro veículo - um Logan branco - que circulou nas redondezas da Prefeitura de Praia Grande e teria apontado o momento exato do ataque.
Erros criminosos e rede de apoio
Os investigadores encontraram um detalhe crucial: as digitais de Felipe Avelino da Silva ("Mascherano") e Flávio Henrique Ferreira Silva em um Jeep Renegade prata usado na fuga. Os criminosos cometeram um erro crucial - esqueceram a chave dentro do veículo, travando as portas com eles do lado de fora.
A rede de apoio ao crime incluía motoristas de fuga, proprietários de imóveis usados como base e recrutadores. Dahesly Oliveira Pires, de 25 anos, buscou um fuzil no litoral a pedido do motorista do carro do ataque. Luiz Henrique Santos Batista, o "Fofão", deu carona a um dos suspeitos, ajudando na fuga.
William Marques e Cristiano Alves da Silva ("Cris Brown") eram proprietários de casas que serviram de apoio aos criminosos. Danilo Pereira Pena, o "Matemático", de 36 anos, teria organizado parte do assassinato. José Nildo da Silva, de 47 anos, foi visto no dia do crime com colete à prova de balas e arma longa entrando em uma das casas usadas pelo grupo.
Investigações continuam
O Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) ressalta que o indiciamento conclui apenas a primeira fase da investigação. Um novo inquérito já foi aberto para identificar os mandantes do assassinato e apontar a motivação exata.
A polícia pediu a prisão preventiva dos doze suspeitos pelos crimes de homicídio qualificado, porte ou posse de arma de fogo de uso restrito e organização criminosa. "A Polícia Civil aguarda a apreciação do Poder Judiciário e prossegue com as investigações por meio de um novo inquérito instaurado", informou a Secretaria de Segurança Pública.
As investigações buscam determinar se a morte foi uma represália ao trabalho que Ruy desenvolvia na prefeitura - como secretário de Administração do município - ou se está ligada ao seu passado de atuação contra o crime organizado, quando foi o primeiro a investigar o Primeiro Comando da Capital (PCC).
Ruy Ferraz Fontes tinha uma carreira de quatro décadas na Polícia Civil, tendo ocupado o cargo máximo da instituição como delegado-geral de janeiro de 2019 a abril de 2022, durante a gestão do governador João Doria. No momento de sua morte, trabalhava como secretário de Administração da Prefeitura de Praia Grande.