STJ Define Destino de Mairlon: Justiça Mantém Condenação por Crime que Chocou Brasília
STJ mantém condenação de Mairlon por crime

O plenário do Superior Tribunal de Justiça não deu margem para dúvidas. Nesta segunda-feira, os ministros cravaram o veredicto que Mairlon Pereira da Silva provavelmente temia desde que tudo aconteceu. Doze anos de prisão - é o que ele vai cumprir pelo crime que deixou marcas profundas na Asa Sul.

Lá se vão quatro anos desde aquela noite de agosto, mas a memória ainda dói. Quem mora no 113 Sul dificilmente esquece o que aconteceu naquele bloco. Uma discussão besta, daquelas que começam por qualquer coisa e terminam no pior dos pesadelos. Mairlon e o segurança Valdir Alves Ferreira se estranharam, as palavras foram esquentando, e de repente... Bem, de repente a faca apareceu.

O julgamento que quase não aconteceu

O caso já tinha sido julgado em primeira instância, depois na segunda - e ambas as vezes a condenação veio com força total. Mas a defesa insistiu, claro. Alegou que o júri tinha sido influenciado, que as provas não eram tão sólidas assim, que a pena era exagerada para o que aconteceu. Sabe como é, o direito de recorrer existe, e os advogados fizeram questão de exercê-lo até o último fio de esperança.

Os ministros do STJ, porém, não compraram a história. O relator, Francisco Falcão, foi direto ao ponto: não via nenhuma violação processual que justificasse anular tudo que já tinha sido decidido. "Os tribunais inferiores analisaram com cuidado as circunstâncias", disse ele, com aquela serenidade que só quem está no topo da carreira jurídica consegue ter.

Uma vida perdida por nada

Valdir tinha 47 anos. Trabalhava como segurança, ganhava a vida honestamente. Segundo as testemunhas, era daquelas pessoas tranquilas, que não procuravam confusão. Mas naquele dia, algo saiu do controle. A discussão começou no hall de entrada do prédio - um espaço que deveria ser de convivência, não de violência.

As testemunhas contaram que Mairlon saiu do apartamento onde morava, voltou com a arma branca, e partiu para cima do segurança. Dois golpes, um no peito e outro nas costas. Fatal. Não deu tempo nem para o socorro chegar direito.

O que leva uma pessoa a fazer uma coisa dessas? Briga entre vizinhos acontecem em todo lugar, mas normalmente terminam em portas batidas ou, no máximo, em processos no pequenas causas. Não em morte. Nunca em morte.

O peso da decisão

Com o recurso rejeitado pelo STJ, acabou-se o caminho legal para Mairlon - pelo menos no que diz respeito a tentar reverter a condenação. A pena está mantida, e agora ele vai ter que encarar os doze anos de reclusão de frente.

Doze anos é muito tempo. Dá para fazer faculdade, aprender um ofício, criar um filho. Ou, no caso dele, refletir sobre um momento de fúria que destruiu duas famílias. A de Valdir, que perdeu um ente querido. E a dele próprio, que vai passar mais de uma década longe de tudo e de todos.

O caso serve como um daqueles alertas que a gente lê e espera nunca precisar viver na pele. Discussões bestas acontecem - faz parte da natureza humana. Mas a forma como a gente reage a elas... Bem, essa é a diferença entre seguir em frente e acabar num caso policial.

Enquanto isso, no 113 Sul, a vida continua. Os moradores entram e saem, alguns ainda lembram, outros preferem esquecer. Mas a memória de Valdir e o preço que Mairlon está pagando servem como um lembrete silencioso de que alguns segundos de raiva podem custar uma vida inteira.